quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

As riquezas por trás das fotografias


<><>Olhar fotos antigas desperta sensações diferentes de acordo com o observador. Um historiador pode passar um dia todo analisando uma imagem, tentando tirar dela traços de uma época. Além das características principais, como local, pessoas e vestimentas, observáveis no primeiro momento, há uma tentativa de captar impressões, olhares, enfim, o cotidiano de uma época que se passou, mas que deixou seus rastros: as fotografias. Uma foto pode dizer muitas coisas, especialmente no que diz respeito à vida privada das pessoas, muito em voga na historiografia hoje, mas que geralmente não consta nos livros tradicionais de história.
<><>Contudo, para a maioria dos que hoje desfrutam das facilidades das fotografias digitais, as fotos antigas, geralmente em preto e branco, são distantes de sua realidade e de sua vida. Observo essas reações quando as pessoas olham as fotos expostas no Memória. Geralmente, os mais jovens passam rapidamente, sem se deter aos detalhes das fotos e as sensações do passado retratadas em cada uma delas. É necessário fazer com eles um exercício de observação para que possam perceber a riqueza escondida em cada foto, muitas vezes imperceptível ao primeiro olhar.
<><>São inegáveis as facilidades das câmeras digitais atuais. Elas dispensaram a revelação, já que a maioria armazena suas fotos no computador, além de aumentarem em muito a quantidade de fotos que é possível tirar. No entanto, algumas coisas foram perdidas, como a sensação de receber o envelope lacrado com as fotos tiradas no último aniversário, festa, etc. Apesar da maioria das pessoas tirar mais fotos que há alguns anos atrás, a sensação de expectativa pela chegada das fotos perdeu-se. Ganhamos em muitos aspectos, talvez tenhamos perdido em outros, como tudo, quando a modernidade chega.
<><>A Carris tem um considerável acervo de fotos que eu pretendo digitalizar nesses meses de férias do Memória. Nelas, talvez o mais interessante seja a visão que nos passam do cotidiano da empresa há anos atrás. Há fotos de motorneiros com seus respectivos uniformes, outras do escritório da sede antiga (na João Pessoa), do consultório médico, etc. As fotos são um campo riquíssimo a se explorar e eu não tenho a menor dúvida que é possível escrever uma história para a Carris a partir se suas fotos. A foto acima é do antigo consultório médico da empresa com a máquina de raio-x.

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