terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Veículos Inspirativos (parte II)



<><>Por todas as cidades onde andavam os antigos bondes, há lembranças dos veículos. Marchinhas de Carnaval, fotos da cidade e músicas populares representam as gerações que cresceram subindo e descendo dos bondes. Eles se foram, mas as lembranças continuam tanto para aqueles que viveram “nos tempos do bonde” como para os que somente ouviram falar. Nas fotografias antigas, nos trilhos teimosos que resistem ao asfalto ou simplesmente na memória, os amados veículos persistem em dizer que não são só partes do passado.
<><> Na literatura, como vimos na outra postagem, os bondes também marcaram presença tanto na poesia como na prosa. Conhecidos autores modernistas, como Oswaldo de Andrade ou Mario de Andrade, são exemplos de literatos que viram nos carris motivos de inspiração. Na literatura, Dyonélio Machado é o gaúcho que cria cenário em um bonde na sua obra Os Ratos. No Rio de Janeiro, as crônicas de Rubem Braga estão cobertas de alusões aos veículos, no cotidiano de uma cidade que ainda era capital do Brasil.
<><> Pesquisando na internet descobri mais amantes desconhecidos (ou não tão conhecidos) dos elétricos no Brasil. Hilnah Cabral do Val, por exemplo, é do Espírito Santo. Formada em filosofia, Ciências e Letras, é professora e poetisa. Não sei mais sobre ela, mas seus poemas refletem esse sentimento, de saudosismos pelos queridos. Essa é uma de suas poesias, intitulada Saudade.

<><>(...)
<><>Saudades...
<><>Do bote da Baía de Vitória:Rema... Rema... Remador...
<><>Do outro lado pegava-se o bonde,
<><>Ia-se até a Garoto.


<><>Saudades...
<><>Da Fábrica de Chocolates Garoto
<><>As compras eram feitas
<><>andando pela fábrica.
<><>Tabuleiros imensos de
<><>balas e bombons!


<><>Saudades
<><>Do bonde, bonde preguiçoso e gostoso...
<><>Da Praça do Quartel até a Costa Pereira,
<><>passando pela tranqüila Rua Sete.
<><>Ia-se até a Escola de Música
<><>no fim da Praia do Canto.

<><>Ah! O bonde passava pelacurva do Saldanha
<><>em noites de lua cheia,
<><>em dias quentes,
<><>brisa vinda do mar.
<><>E nos dias de vento?
<><>Vento brincando com saias"
<><>- Moça, segura a saia!"Segura saia e anáguas
<><>rendadas, engomadas,
<><>na porta do São Luiz,
<><>na porta do Glória, na hora da matinê!
<><>(...)


<><> Para provocar mais inspiração, acima a foto pertencente ao acervo de Allen Morrison. Bondes em frente ao Mercado Público na capital gaúcha.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Veículos inspirativos...




<><> Os saudosos bondes inspiraram dezenas de escritores brasileiros. Os veículos não eram simples meios de transporte, eram parte do cotidiano, imagens de uma época em que as grandes metrópoles ainda não respiravam as agitações de hoje. Dyonélio Machado, Moacyr Scliar e Mario Quintana são exemplos desses que fizeram dos bondes fonte de inspiração.
<><> Mário Quintana, famoso amante e admirador de Porto Alegre, tinha em seu quarto no hotel Majestic uma réplica de bonde – o veículo permanece lá até hoje -, representação de sua paixão pelos carris de ferro.
<><> Os famosos escritores protagonistas da Semana de Arte Moderna em 1922 também se utilizaram do bonde para seus versos. O autor de Macunaína e de Paulicéia Desvairada, Mário de Andrade, por exemplo, escreveu sobre o veículo:


<><>''O bonde abre viagem,

<><>No banco ninguém,

<><>Estou só, estou sem.




<><>Depois sobe um homem,

<><>No banco sentou,

<><>Companheiro vou.




<><>O bonde está cheio,

<><>De novo porém

<><>Não sou mais ninguém.''



<><> Carlos Drummond de Andrade, poeta brasileiro, escritor de A Rosa do Povo, citou o bonde em seus versos:


<><>(... ) Perdi o bonde e a esperança.

<><>Volto pálido para casa.

<><>A rua é inútil e nenhum auto

<><>passaria sobre meu corpo (...)


<><> Na foto acima o quarto de Mario Quintana, aparecendo ao fundo sua réplica de bonde.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Memória no Clicrbs


<><>O Memória Carris voltou a estar presente na mídia. Na última sexta feira (25/01) estivemos no clic rbs. Confira: http://www.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a1746251.xml&template=3898.dwt&edition=9179&section=665. Na foto acima uma lembrança do antigo ônibus-museu.

Vinte anos de Memória na Carris


<><>São múltiplas as histórias do Memória, um dos museus que mais recebe visitas na capital gaúcha. Nesses 20 anos de existência, ele passou por uma série de mudanças em sua exposição e design. Da sala do Centro de Treinamento, onde primeiramente encontrava-se, até hoje, houve mudanças nas peças em exposição e no atendimento ao público. Somente o principal objetivo de sua existência não mudou, a valorização e a divulgação do acervo daquela que é a mais antiga empresa de transporte público em atividade do país.
<><>Na Carris temos um jornal interno chamado Volante , que é uma espécie de continuação do antigo Transviário, da época dos bondes. Nos últimos dias estive pesquisando nos antigos Volantes dados sobre o funcionamento do Memória alguns anos atrás. O horário de visitas na década de 90 era mais restrito, sendo das 14h às 16h e 30 . As escolas marcavam a visita e vinham até a companhia conhecer a trajetória da empresa. Embora existam fotos do ônibus nessa época, não temos informação de como era seu funcionamento, pois os dados restringem-se à sala, localizada na própria empresa.
<><>Em 1992, a sala do Memória é reinaugurada e recebe a visita do prefeito de então, Olívio Dutra. É nesse ano, também, que o bonde 123 passa a estar na frente do Largo Glênio Peres em comemoração aos 120 anos da Carris. Esse bonde atualmente é utilizado pelo SAcc (Serviço de Atendimento ao Cliente Carris). Ele foi totalmente reformado e é freqüentemente visitado pelos amantes de bonde.
<><>Em 1995, o Memória torna-se itinerante e visita uma série de eventos na capital. Diferente do que ocorre hoje em dia, ele ficava em cada lugar de dois a três dias para a visita do público atualmente, visitamos lugares diferentes durante a semana. A empresa fazia então 123 anos e o ônibus-museu passou a ser presença constante nas escolas da capital gaúcha. Na foto acima o público visitando o antigo ônibus do Memória.