quarta-feira, 30 de julho de 2008

Transcrição do Independente

<><> Os jornais noticiaram a chegada da eletricidade com muito entusiasmo. Afinal, isso significava crescimento e desenvolvimento para a Capital. Os bondes chamavam a atenção da população. Eram mais ágeis que os de tração animal e traziam mais conforto. Cinco anos depois, eles ainda eram notícia em Porto Alegre. Leia abaixo trecho do Independente, jornal de Porto Alegre.
08/05/1913
<><>Com os aplausos da população, vai sendo regulada a viação urbana nesta capital. Providência utilíssima, precisa ser estendida a outras ruas como a João Alfredo, cujo trânsito já é enorme.
<><>Os veículos que se dirigem da ponte do Menino Deus para a da Pedra, no Riacho, devem todos tomar o lado direito e os em sentido contrário ao lado esquerdo multando-se os condutores que deixarem seu lado com pressa de seguirem.
<><>Outro ponto que reclama regulamentação é o dos condutores de carroça. Nas cidades populosas elas, são obrigados a guiarem os veículos a pé, indo ao lado dos animais e não encarapitados nas cargas.
<><>Principalmente nos veículos tirados por um único animal, impõem-se a providência, podendo-se autorizar a montaria do condutor em um dos animais, quando o veículo seja tirado por dois ou mais números de animais

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Luz na Capital gaúcha


<><>Este ano, como já mencionei neste espaço, comemora-se um século da chegada dos elétricos na Capital. Mudança estrutural importantíssima em Porto Alegre, através dela surgiram novas perspectivas para os que utilizavam o transporte público.
<><>Para aqueles que assistiam as primeiras voltas dos bondes movidos a eletricidade, eles eram prova da evolução tecnológica nas ruas. Era a constatação material que a Capital tornava-se uma metrópole conectada com o mundo. Dezenas de pessoas tomavam as avenidas, jornais noticiavam a novidade e porto-alegrenses aglomeravam-se para vê-la. Este ano, na sessão Há um Século no Correio do Povo vários trechos apareceram sobre a chegada dos novos veículos. Imagino que todos os jornais que circulavam por aqui noticiavam a grande novidade.
<><>As primeiras linhas foram do Menino Deus, Parthenon, Gloria e Theresópolis. No início, conforme o Correio do Povo, o tráfego não era regular. A Companhia Força e Luz começava a se organizar para oferecer o serviço com freqüência. As passagens continuavam com o mesmo preço e os bondes saíam da praça Senador Florêncio. Além de letreiros indicando o destino, os veículos utilizavam faróis, que iluminavam o caminho à noite. Alguns tinham grandes placas vermelhas indicando a linha. Tinham paradas determinadas, nas esquinas das ruas, com exceção dos dias de chuva, quando podiam parar fora dos pontos. Paravam em todas as esquinas, independente do chamado.
<><>Em 1908, a Carris tornara-se Força e Luz pela junção das duas empresas que trafegavam com bondes de tração animal, Carris de Ferro Porto Alegrense e Carris Urbanus. Neste momento, a usina da Força e Luz localizava-se na Voluntários da Pátria, embora a sede estivesse na Rua da Praia. Nas próximas postagens voltarei a falar sobre o centenário dos bondes elétricos em Porto Alegre.
<><>Acima edifício Malakoff, segundo Aquilles Porto Alegre, o primeiro arranha-céu de Porto Alegre. Praça Montevideu no início do século XX.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Parabéns, Chefia!


<><>Esta semana, devido às férias escolares, estamos fazendo trabalho interno e o Memória está “descansando”. Por falar nele, nós trocamos os quadros que ficam na entrada do museu. Semana passada recebemos algumas imagens como doação de uma empresa. Selecionamos três, duas charges e um excerto do jornal Independente sobre a chegada dos bondes elétricos.
<><>Semana que vem já voltamos às atividades, embora boa parte das escolas ainda esteja de férias. Visitaremos duas escolas infantis, em Ipanema e no Bom Fim.
<><>Hoje é aniversário do nosso querido motorista, Chefia. A ele minha sincera homenagem pelos exemplos de dedicação, carinho e companheirismo. Parabéns, Chefia!!
<><> Na foto, homenagem ao aniversariante do dia com boa parte do setor de comunicação: Luiza, Vinicius, Luzia, Chefia, eu, Ana e Gabriel.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

O charme dos bondes por Paulo Ziegler

<><> Conheci o Paulo Ziegler na Transposul. Professor de jornalismo, ele também é um dos saudosistas dos amados veículos porto alegrenses.

<><>Os bondes deixaram uma inarredável saudade na vida dos porto-alegrenses. Tinham um estilo único, um charme da tradição, próprio das melhores metrópoles mundiais. Eram uma verdadeira atração turística para os que chegavam à capital gaúcha pela primeira vez, vindos do interior. Eles desembarcavam na antiga estação rodoviária e logo procuravam ver um bonde, a fim de confirmar a impressão colhida por narrativas de outras pessoas que já tinham vindo a Porto Alegre. O fascínio por eles era tamanho, que não foram poucos aqueles que terminaram logrados pelo conto do bonde. O golpe consistia em recepcionar o interiorano logo na chegada à cidade. Despretensiosamente, após perceber o estreante desembarque, o trapaceiro explicava que muitos bondes estavam sendo substituídos em Porto Alegre, e que havia diversos para vender, por uma verdadeira pechincha. Uma vez que tivessem arrebatado a confiança do interiorano, normalmente um tipo ambicioso, disposto a levar um charmoso bonde para circular em sua cidade, o conduziam, à noite, até o terminal central dos bondes, situado na Av. João Pessoa, próximo à Universidade Federal. Lá chegando, mais de uma centena de bondes encontravam-se estacionados, prontos para retornar à circulação no dia seguinte.
<><>Este era o melhor momento de toda a trapaça. Ao incauto era sugerido escolher qualquer um deles. Estavam todos à venda, de barbada. Naturalmente o pagamento deveria ser feito imediatamente após a escolha, para garantir a preferência. As vendas, por sinal, estavam concorridas. Feita a opção, restaria ao ambicioso freguês retornar à estação central no dia seguinte, pela manhã, para acertar o transporte do bonde para sua terra...
<><>Era assim mesmo. Bonde sempre encantou as pessoas. Seu embalo ao trafegar, muitos sonos promoveu. Era um gingado gostoso, visualmente confirmado pelos agarradores de couro, que iam para lá e para cá. E havia o bonde gaiola, da linha Menino Deus, que sacudia como nenhum outro. Às vezes embalava tanto, que parecia que iria tombar.
<><>Realmente é muito difícil esquecer um transporte como este. O bonde era todo peculiar. Não tinha motorista. Quem o conduzia era o motorneiro. Bonde tinha duas direções, uma em cada ponto do veículo. Na verdade, era uma manivela. O motorneiro, ao chegar no "fim da linha", retirava a manivela e percorria o corredor para instalá-la na outra ponta do carro. Mas havia outras características únicas. Eles tinham quatro portas. Duas em cada ponta, uma de cada lado.
<><>O cobrador tinha o costume de percorrer o vagão de ponta a ponta, indagando a cada um sobre o pagamento da passagem.
<><>Ele guardava o dinheiro dobrado no sentido longitudinal, separando-o por valores, entre os dedos. E ainda, tinha um troco próprio, que substituía o dinheiro papel, quando faltava moeda em efetivo.
<><>Sem dúvida alguma os bondes fazem falta. Belas capitais mundiais ainda os mantém com um precioso cuidado, como Berlim e Amsterdã. Hoje somos como os interioranos de outrora. Estamos loucos para vê-los. Ah, bem que eu compraria um pra mim.
Outubro 1993

terça-feira, 15 de julho de 2008


<><>Estivemos na 10ª Feira de Transporte e Logística do Sul- Transposul- semana passada. Desde terça feira, inauguração do evento, até sexta feira à noite, dia de encerramento. Apesar de fugir um pouco dos eventos que tradicionalmente visitamos, creio que promovemos uma valiosa troca entre as novas tecnologias dos meios de transporte e a história da mais antiga empresa do país em funcionamento.
<><>A Transposul reúne congresso e feira de negócios. Lá estavam empresas de transporte de carga, logística, transporte de passageiros e transportadores. O evento realizou-se no Centro de Eventos da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul- Fiergs. Centenas de pessoas visitaram o evento, geralmente ligadas, de algum modo, ao transporte por rodovias.
<><>No Memória recebi a visita de empresários, jornalistas, organizadores do evento, motoristas, funcionários das empresas, estudantes e busólogos (eles não podiam faltar a esse evento!). A maioria apreciou muito o projeto e promovemos uma interessante troca de histórias e memórias, já que por lá estavam muitos saudosistas dos elétricos na Capital. Conheci o senhor Eurico Divon Galhardi, vice-presidente da Associação Nacional das Empresas de Transportes Públicos. Ele tem miniaturas dos diferentes modelos de transportes no mundo e é curador de um museu do transporte em Brasília. Além dele, dezenas de pessoas acrescentaram dados ao nosso trabalho e puderam, por alguns momentos, voltar no tempo e reviver um pouco de sua própria história.
<><>Agradecemos o convite, feito pela organização do evento, e esperamos fazer parte dele outras vezes. Esta semana estamos de volta à rotina, por pouco tempo, pois logo iniciam as férias escolares.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

A Sonhada volta dos bondes (parte II)


<><>Assim como Santiago, no Chile, nós, da Capital gaúcha, temos um projeto de uma linha histórica de bonde elétrico. Hoje, ele faz parte do programa Viva o Centro, promovido pela prefeitura de Porto Alegre.
<><>Desde que os elétricos deixaram de transitar na Capital, em oito de março de 1970, vários projetos tentaram trazer de volta os veículos. Em nossos arquivos, por exemplo, há uma reportagem do Correio do Povo com o plano de retorno dos bondes, em 1990. Na época, o objetivo era fazer o veículo 113, pertencente ao Museu de Porto Alegre, voltar a transitar. Para isso, inclusive, a diretora do museu na época, Vera Thaddeu, recebera uma verba de CR$300 mil. A idéia era colocá-lo no parque Maurício Sobrinho. Sabemos que, infelizmente, o plano não foi executado.
<><>Atualmente, o projeto pretende colocar o bonde em circulação no Centro da Capital. O objetivo é valorizar o considerável número de prédios históricos que ali se encontram. A linha, segundo o plano, deverá percorrer um quilômetro e meio em direção à Usina do Gasômetro. A Carris, a Trensurb, o Ministério das Cidades, a Associação Amigos dos bondes e, agora, a prefeitura de Porto Alegre são os principais responsáveis pela execução O projeto teve início em 2003, quando foi assinado um termo de cooperação entre as partes. O objetivo é adequar o projeto à lei Rounaet para a captação de recursos. A elaboração e execução da parte técnica ficam a cargo da Trensurb. No entanto, o custo de implantação é alto, R$17 milhões. Por isso, é necessária a captação de recursos, para que o sonho dos amantes de bonde torne-se realidade.
<><>Esta semana estarei fora, na feira de transportes –Transpo-sul- na Fiergs. A Carris será representada pelo Memória Carris. Semana que vem voltamos com as novidades.
<><> Acima uma simulação do bonde 123 no Centro.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

A sonhada volta dos bondes

<><>Recebi, na segunda feira (30/07), uma excelente notícia para aqueles que sonham ver novamente os bondes em sua cidade ou região. O Instituto Histórico do Chile recebeu, através do Conselho de Cultura, US$15 mil para o resgate e translado do último bonde existente no país. O dinheiro permite os primeiros passos para o projeto desenvolvido, criado em abril de 2007.
<><>Ele compõem-se de diferentes profissionais que se reuniram com o objetivo de viabilizar o transporte ferroviário chileno. O bonde no Chile foi inaugurado em 1858, primeira linha no hemisfério sul e uma das pioneiras no mundo, segundo o pesquisador Allen Morrison. Foi construído pela Carris a Vapor, que unia Santiago com San Bernardo. Os acionistas eram chilenos, mas havia muitos engenheiros norte-americanos. Os bondes elétricos foram inaugurados oito anos antes de Porto Alegre, em 1900.
<><>Diferente da Capital gaúcha, o Chile fabricava seus próprios bondes, embora o sistema adotado fosse dos Estados Unidos. Em 1945, a Companhia Chilena foi nacionalizada e decidiu abandonar os ferrocarris para adotar os tróleibus e os ônibus a diesel. Em 1968, foi encerrada a última linha.
<><>O projeto pretende revitalizar a linha de bondes do bairro Brasil (olha a coincidência), um dos mais antigos e pitorescos de Santiago. As motivações para a escolha do local são o pouco fluxo de veículos, a arquitetura do lugar e as vias que ainda restam. Aliás, esse é um dado muito interessante, já que poucos trilhos necessitam ser colocados para execução do projeto. No caso de Porto Alegre toda a via teria de ser construída (cerca de 1,5 quilômetros), já que foi retirada ou está debaixo de asfalto. No caso do projeto chileno, isso não ocorre, mesmo tendo se passado 50 anos do fim dos elétricos.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Novidades para os amantes de bonde




<><>Para os que apreciam fazer as famosas miniaturas de bonde, agora está disponível, na página do Museu Virtual, um álbum com as plantas dos bondes. São dez modelos de veículos diferentes e devidamente identificados quanto ao ano de importação, procedência e fabricação. A maior parte dos bondes utilizados pela Carris vinham usados para Porto Alegre. Eles chegavam no Cais do Porto e eram recebidos com muita alegria pela população.
<><>Por virem de “segunda mão” tinham que passar pela oficina para entrarem em operação. Após 1928, quando a Carris tornou-se norte-americana - foi comprada pela Bond & Share- , iniciou-se um programa de importação de bondes. Foram comprados 161 bondes elétricos de dois trucks – 151 dos Estados Unidos e dez da Bélgica. Nesse período, décadas de 50 e 60, a Carris chegou a possuir 229 carros – 130 norte-americanos, 89 ingleses e dez belgas. Segundo o pesquisador Allen Morrison, a Capital tornaria-se uma verdadeira Meca para os estudiosos e apaixonados por bondes.
<><>Hoje, para os que tanto se encantaram com o veículo, sobraram alguns na Capital, como os da Polícia de Trânsito ou o que está em frente à Carris. No entanto, para aqueles que desejam o contato diário com os queridos há os que se dedicam a fazer ou comprar réplicas. Mario Quintana, por exemplo, tinha uma miniatura em seu quarto.
<><>Acima miniatura do bonde Gaiola, presente no Memória Carris.