segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Prêmio COMPAC 2009



Nosso Museu está de Parabéns! Apesar de enfrentarmos uma série de dificuldades referentes às questões estruturais, principalmente nos períodos chuvosos, o Memória foi homenageado. O Museu Itinerante Memória Carris recebeu o Prêmio COMPAHC 2009 – Mérito ao Patrimônio, solenidade que ocorreu na última quarta-feira, no Paço Municipal. Ao lado de 24 homenageados, entre personalidades, empresas e instituições nosso Museu esteve presente.

Há 21 anos um ônibus monobloco da Mercedes Benz, de 1984, abriga a memória da empresa mais antiga de transporte coletivo no Brasil, em funcionamento – a Companhia Carris Porto-Alegrense. Como já foi abordado em postagens anteriores, a Carris está diretamente relacionada ao desenvolvimento urbano da nossa Capital. A chegada dos primeiros bondes (1873) – a tração animal – e, posteriormente, com o advento da eletricidade – os Elétricos (1908) – fizeram com que Porto Alegre fosse perdendo suas antigas características rurais. Acrescentamos a esta trajetória os ônibus, que, ao contrário dos bondes, continuam pelas ruas garantindo a mobilidade urbana aos porto-alegrenses. A Carris e a cidade de Porto Alegre são memórias indissociáveis, pois suas histórias são “trilhadas” por caminhos simbiônticos. Quando se fala em Carris, inevitavelmente, fala-se em Porto Alegre.

O trabalho desenvolvido pelo Museu abarcou equipes distintas que possibilitaram este ano, após atingir sua “maior idade”, esta belíssima homenagem. Tenho certeza que este reconhecimento se faz presente pelo trabalho dessas diferentes personagens que transitaram pelos trilhos da história do transporte. Aproveito-me da atual condição de monitora do Memória e de administradora deste blog, para parabenizar com maior veemência o colaborador Eloy. Nosso querido Chefia, que há muito tempo faz parte desta história. Ao levar o Memória aos diversos cantos da cidade, ele vai “guiando” a educação e a cultura para pessoas que, na maioria das vezes, estão muito distantes dessas premissas que deveriam ser a base para a nossa sociedade.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Gremio Football Porto-Alegrennse - 106 anos de histórias

Pessoal, conforme comentei na postagem anterior, este espaço está aberto para receber os textos dos colegas que estão realizando estágio aqui no Museu. Abrimos com um texto do Marcos Luft(UFRGS). Particularmente, adorei a temática!Obrigada, Marcos.

“Todas as músicas tem a sua história. Quase sempre falam ao coração. Esta também fala ao coração: ao coração do mundo desportivo do Rio Grande do Sul”.
Assim, o jornal Diário de Notícias se referia à primeira vez que o hino do Grêmio de Foot-ball Porto-Alegrense seria tocado ao público. Hoje, 15 de setembro, o tricolor dos pampas completa 106 anos de histórias e títulos. E quando o torcedor ouve “Até a pé nós iremos, para o que der e vier”, se emociona e relembra as glórias passadas. O que pouca gente sabe é que esses versos têm relação com um acontecimento da história do transporte coletivo de Porto Alegre.
O jogo era Grêmio x Cruzeiro, valendo pelo 1º turno do campeonato da cidade. À época, um dos grandes clássicos do estado. A data era 21 de junho de 1953, domingo. O tricolor precisava vencer para ter chances de alcançar o Internacional na tabela, já que tinha perdido na rodada anterior para o Renner (que seria campeão estadual no ano seguinte). O local era o Estádio da Baixada, atualmente o Parcão (o Olímpico só seria inaugurado no ano seguinte). Só que haveria um grande problema para se chegar ao estádio.
Na sexta-feira, dia 19, os motoristas e cobradores da empresa SOUL (que à época fazia algumas linhas da zona norte) entraram em greve. Queriam aumento de salários. Na época, a inflação era grande. Diziam que “na maioria são homens que possuem os encargos de família e não podem consentir que o aumento de seus salários, presentemente irrisórios, seja retardado e não passe de promessas”. A resposta da prefeitura foi cassar a concessão das linhas da SOUL na zona norte. A Companhia Carris, na época empresa particular, pertencendo à norte-americana Bond & Share, contribuiu, para tentar normalizar a situação, reforçando as linhas de bondes dos bairros Floresta, Navegantes e São João.
No sábado, dia 20, foi a vez da empresa Teresópolis. O motivo era o mesmo: aumento de salários. “Somos chefes de família e não queremos prejudicar o povo com nossa parede [nome dado à greve naquele tempo]”. Membros da SOUL e da Teresópolis passaram a tentar convencer funcionários de outras empresas a aderirem à greve. Uma boa parte deles se solidarizou aos grevistas, complicando o transporte coletivo de Porto Alegre. O motivo continuava sendo o mesmo: “reivindicando, junto aos empregadores, uma melhoria de salários, em virtude dos seus orçamentos já não comportarem as despesas atinentes aos encargos da família, dado o crescente aumento do custo de vida, observado dia a dia”.
No domingo, dia do jogo, eram 122 carros parados nas garagens (haviam 239 em toda a cidade). Era uma das maiores greves já então vistas. As linhas São João, Glória e Teresópolis, da Carris, aderiram à greve, mas a empresa não aderiu totalmente. Outras linhas operaram com menor capacidade, já que a prefeitura e algumas empresas deslocaram ônibus para cobrir as linhas onde trabalhavam os grevistas. Uma dessas linhas prejudicadas era a Independência, servida por ônibus e bonde. Justamente a que os gremistas precisavam para chegar ao estádio (além da linha especial Futebol, como há atualmente). Os coletivos foram e voltaram superlotados. Muitos até a pé foram, originando a primeira frase do hino gremista.
Na terça-feira, dia 23, a greve foi encerrada, com a promessa de aumento de 70% nos salários dos motoristas, e 60% no dos cobradores. Essa greve provocou uma reação da prefeitura, que resolveu encampar (ou seja, assumir o controle) todas as empresas incapazes de cobrir esse aumento e de investir na melhoria de seus carros. Em 1953, diversas empresas foram encampadas pela prefeitura, inclusive a Carris.
Quanto ao jogo, que segundo a imprensa, foi fraco, o Grêmio, desfalcado do craque Tesourinha, que havia sofrido um acidente de carro dias antes, venceu por 1x0, com gol de Milton. O Grêmio jogou com: Sérgio, Pipoca e Orli; Hugo, Laerte II e Joni; Milton, Gringo, Mujica, Camacho e Torres. Já o Cruzeiro veio com: Deoli, Machado e Rui; Laerte III, Casquinha e Xisto; Tesourinha II, Hofmeister, Orceli, Nardo e Jarico.
Após o jogo, o repórter do jornal Diário de Noticias, Wilson Muller, pediu a Lupicínio Rodrigues que composse uma marcha para o cinqüentenário do clube. Nos dias (ou melhor dizendo, nas madrugadas) seguintes, se encontraram Lupicínio (ou Lupi), Ruy Silva, o escritor, Campanella, orquestrador, e Silvio Luiz, cantor da Rádio Farroupilha. No dia 16 de agosto, já pelo 2º turno do campeonato da cidade, numa vitória de 2x0 sobre o Aimoré, de São Leopoldo, o hino foi ouvido pela primeira vez pelos torcedores, pela Rádio Farroupilha, com o som sendo reproduzido pelos alto-falantes do estádio.
E assim surgiu um dos maiores símbolos do futebol gaúcho: o hino tricolor, numa relação quase desconhecida com o transporte coletivo de Porto Alegre. Ao final de tudo, o Grêmio perdeu o 1º turno do campeonato da cidade. O campeão foi o Internacional, após empatar o Gre-Nal decisivo do dia 5 de julho por 1x1, no Estádio dos Eucaliptos.

Marco Luft

Boas vindas!

As visitas do Memória, às escolas da cidade, estão recheadas de novidades. Nosso museu está contando com a participação de uma “turma da pesada”. Marcos (UFRGS), Ben Hur (IPA) e André (IPA) que estão realizando o estágio curricular aqui na Carris. As próximas escolas, que receberem a visita do Museu, poderão usufruir das “ histórias e memórias” que esta galera irá acrescentar ao projeto.

Gostaria de expressar que estou muito feliz em poder dividir esta experiência com colegas que estão trilhando a sua formação, assim como eu. Posso assegurar que o dia-a-dia com o Museu Itinerante Memória Carris é, no mínimo, uma vivência enriquecedora, em todos os aspectos. Durante o trabalho, a cada atividade exercida, acrescento elementos que vão contribuindo para o meu amadurecimento profissional e pessoal. A convivência com crianças e adolescentes nas escolas revela-se uma “caixinha de surpresas” a cada visita. É incrível como estamos fadados a eternos aprendizes. A princípio, chego às escolas, na qualidade de monitora, para levar informação, no entanto, esta prática torna-se recíproca. A cada encontro novas experiências, “um novo retalho a ser tecido na gigante colcha da vida” . Quanto ao trabalho de pesquisa, devo confessar que 137 anos de empresa exige que, às vezes, nos transformemos em “ratinhos”, ou seja, entrar num arquivo e esquecer que há vida fora daquelas paredes (risos). O que dizer sobre este blog e o Volante (jornal interno da Carris, no qual escrevo uma coluna mensal)? Cada texto uma barreira vencida, acho que é mais ou menos assim que percebo este grande desafio. Sem falar nos colegas da Carris que convivo semanalmente, suas particularidades compõem uma pluralidade extremamente interessante de se partilhar.

A participação do André, do Ben Hur e do Marcos, com certeza, será mais um momento que possibilitará uma belíssima troca de experiências. Além da participação nas escolas, este espaço estará aberto para que eles possam postar seus textos, dividindo com a gente suas “histórias e memórias”.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

"Saudade dos carnavais de antigamente...De tanta gente no bonde"



Neste blog comentamos, seguidamente, sobre a intimidade entre os porto-alegrenses e os bondes, durante o longo período que este meio de transporte circulou pelas ruas da Capital. Esta relação é percebida pela constante presença desses veículos e de seus tripulantes (Motorneiro e Condutor) nas crônicas e músicas gaúchas. Como não poderia deixar de ser, no carnaval lá estavam eles. Muitas marchinhas faziam referência aos Elétricos e seus personagens.

No entanto, não foi só em Porto Alegre que esses veículos demarcaram seu espaço no cenário cultural. Sendo o bonde uma figura tão popular, foi protagonista de muitas músicas de sucesso nas mais diferentes localidades em que esteve demarcando o urbano. Canções que abarcavam o cotidiano da população com os Elétricos. Retratos das mais singelas viagens, com suas paradas habituais, além da saudação rotineira do gentil senhor ao motorneiro. Outras letras retratavam ainda cenas mais pitorescas, como uma “cantada” na moça que estava ao lado, o jovem que despistava o condutor e seguia seu destino sem pagar a passagem ou, então, as traquinagens da criançada que garantiam sua diversão ao incomodar o “seu” condutor e o “seu” motorneiro.


Em postagens anteriores abordamos essa relação da música com os bondes, falando sobre dois grandes mestres da música popular brasileira: Octávio Dutra (gaúcho) e Noel Rosa (carioca). Acima temos a partitura de uma marcha do carnaval de 1938. A autoria deste sucesso da década de 1930 é da dupla caipira Alvarenga e Ranchinho. Suas letras satirizavam os políticos da época, o que acabou fazendo da dupla, ocasionalmente, alvo de perseguições.

No mesmo ano J. Casacata e Leonel Azevedo brilharam com a marchinha Não Pago o Bonde:

“Não pague o bonde iaiá
Não pague o bonde ioyô
Não pague o bonde
Que eu conheço o condutor”.
Os festejos de 32, Noel Rosa e Eduardo Souto lançaram a música Palpite:
“Palpite
Palpite
Nasceu no crâneo de quem teve meningite
Num dia desses perguntaste ao condutor
Se os bondes passavam na rua do Ouvidor”.
A marcha Zizinha de José Francisco de Freitas fez sucesso no carnaval de 1926, abordando a bolinação nos Elétricos, fato corriqueiro na época:
“Noutro dia num bondinho
Um coronel já bem velhinho
Deu-me um beliscão
Pegou-me na mão.”

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Mais de um século de histórias...

Na última Quinta feira, dia 30 de julho, o poeta Mario Quintana completaria 103 anos. Gaúcho de Alegrete adotou Porto Alegre para sua morada, dando início a uma relação recíproca de admiração entre a cidade e o poeta. Através do seu legado podemos perceber a forma simples e profunda da sua poesia abarcar as belezas prosaicas, que muito passam despercebidas na vida frenética da atualidade. Acompanhando de perto as mudanças da Capital, ancoradas na busca pelo progresso, Quintana sempre se posicionou resistente as reformas que iam, pouco a pouco, transformando a simplicidade da cidade pequena, para complexa metrópole.

Mario Quintana era um apaixonado por bondes, assim como muitos porto-alegrenses. Embaralhada num sentimento nostálgico, sua poesia demonstra que os Elétricos ficarão eternizados no imaginário da cidade. Através das lembranças daqueles que conviveram com esse meio de locomoção, os bondes estabelecem sua permanência. Mais do que uma forma de se transportar, estes veículos, que trafegaram pelas ruas de Porto Alegre por quase um século, marcaram trajetórias de vida.

Assim como Quintana, outros literatos, cronistas e compositores demonstram, através de suas obras, a representação dos Elétricos para os porto-alegrenses. Histórias e memórias que se perpetuam entre as diferentes gerações. Embora nosso poeta não esteja mais entre nós para festejar seu aniversário, a data é comemorada. O patrono da Casa de Cultura Mario Quintana foi homenageado na semana passada com uma programação especial que demonstra a imortalidade de sua obra.

Meu bonde passa pelo mercado

O que há de bom mesmo não está à venda,
O que há de bom não custa nada.
Este momento é a flor da eternidade!
Minha alegria aguda até o grito...
Não essa alegria alvar das novelas baratas,
Pois minha alegria inclui também minha tristeza

Tristeza...
Meu companheiro de viagens, sabes?
Todos os bondes vão para o Infinito!

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Dia do Amigo


Hoje, dia 20 de julho, é dia do amigo. Esta data começou a ser comemorada na Argentina, passando a ser adotada em outros países. Um argentino resolveu celebrar a amizade inspirado pela chegada do homem à lua, evento que hoje completa quarenta anos. Para ele, esse momento simbolizava mais que uma conquista científica, a possibilidade de ampliar amizades pelo universo. Entre diferentes locais, o bonde foi lugar que proporcionou encontros constituindo muitos laços afetivos.

Por quase um século os bondes compuseram o cenário de Porto Alegre, sendo palco de muitos encontros entre amigos. Uma volta nos Elétricos rendiam momentos agradáveis aos porto-alegrenses. Hoje eles estão presentes somente na lembrança daqueles que, ao lado de seus amigos, desfrutavam de um belo passeio pela Capital.

Na Argentina, os bondes despediram-se das ruas na década de 1960, deixando assim como aqui muitas lembranças, após sua última viagem em março de 1970. No entanto, em 2007 os bondes voltaram a trafegar em Buenos Aires, sendo além de mais uma opção de deslocamento um atrativo turístico. O trajeto percorre apenas 2 quilômetros, ligando Córdoba à Independência, duas importantes avenidas da capital portenha na região de Puerto Madero (imagem ilustrando).

Em Porto Alegre há um projeto que pretende viabilizar a reintrodução de uma linha de bonde na cidade, assunto abordado aqui. Infelizmente, no momento, esta proposta encontra-se parada no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN. A volta deste transporte na Argentina pode ser mais um fator a contribuir com o retorno dos saudosos Elétricos na cidade, mesmo que representado apenas por uma linha. Que bom seria se pudéssemos comemorar com nossos amigos, o dia 20 de julho, num gostoso passeio de bonde.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

11° Transposul






Na semana passada estivemos, durante três dias, no centro de eventos da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS), participando da 11° Feira de Transporte e Logística do Sul (Transposul). Esta foi a segunda edição que o Memória participou, destacando-se entre estandes equipados com os mais diferentes aparatos tecnológicos de segurança, logística, entre outros.

A abertura da feira contou com a presença do prefeito José Fogaça e, ao longo do evento, teve a visita de muitos empresários, jornalistas, profissionais ligados ao transporte e, como não poderia deixar de ser, dos busólogos. No último dia da Transposul, Sexta-feira, os visitantes do Memória foram recepcionados pela Dona Claudete, que recebeu todos com muito carinho e atenção.

Neste ano o Museu Itinerante Memória Carris teve a companhia de um ônibus de 1965 da Sogil (foto que ilustra essa postagem), o mesmo que, em maio do presente ano, realizou o trajeto de Gravataí a Porto Alegre em comemoração aos 55 anos da empresa. Embora este evento se diferencie da agenda habitual do Memória, tal oportunidade proporcionou uma vivência entre o que já simbolizou a modernidade com que representa o moderno atualmente. Por meio dessas trocas podemos identificar a fugacidade na qual vivemos e aproximar a História do nosso cotidiano. Já comentei em postagens anteriores sobre a corrida contra o tempo que estabelecemos diariamente, novas tecnologias surgem a todo instante, e a 11° Transposul apresentou aos seus participantes e visitantes, o que há de mais moderno na área de transporte e logística. A participação do Museu, bem como do ônibus da Sogil possibilitou o diálogo entre diferentes períodos da história.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Uma longa trajetória - Carris 137 anos

Parabéns! Dia 19/06 a Carris completou 137 anos de existência, sendo a empresa mais antiga de transporte coletivo em funcionamento no Brasil. Na comemoração dos seus cento e trinta e seis anos escrevemos aqui um pouco da formação e dos seus primeiros anos de atividade como símbolo representativo de progresso na nossa capital. Neste aniversário homenagearemos os antigos e atuais funcionários, ou seja, aqueles que a partir do seu trabalho propiciam o sucesso de tantos anos dessa empresa a serviço dos porto-alegrenses. Nas postagens do “Antigas e Novas Histórias” os “blogueiros” podem observar que a trajetória da Carris não possui um percurso linear, como não poderia deixar de ser, ao longo de um período tão extenso, o mundo passou por grandes transformações.
A Carris leva aos quatro cantos da cidade, – centro e periferias – semanalmente, um pouco da sua história através do Museu Itinerante Memória Carris. A visita começa quando partimos em uma viagem no tempo – iniciada na segunda metade do século XIX – onde conhecemos uma Carris completamente diferente do que estamos acostumados a ver diariamente pelas ruas. A partir das suas transformações podemos acompanhar o crescimento e modernização de Porto Alegre percebendo a sua importância para a capital gaúcha. Neste cenário devemos destacar os atores (motorneiro e condutor – motorista e cobrador), bem como toda a equipe de produção (manutenção, lavagem, segurança, administrativo) que garantem a beleza e o sucesso do espetáculo. Dos bondes à tração animal aos modernos ônibus atuais, passando pelos saudosos elétricos e o curto período dos trolleybus a trajetória dessa empresa foi sendo traçada por um grupo de funcionários – colaboradores – que está de Parabéns. Esta é uma homenagem a todos que participaram e que ainda participam da história dessa empresa que carrega memórias de muitos porto-alegrenses.

sábado, 13 de junho de 2009


Nessa Segunda-feira visitamos o CENEAMM 1° de Maio, no Bairro Glória, onde começamos a ser surpreendidos positivamente logo na chegada. Inicialmente o Memória ficaria em frente ao posto de saúde, utilizando a energia elétrica da sede para a iluminação do museu e para o funcionamento do “bondinho”, pois a rua do CENEAMM é muito estreita, inviabilizando nossa parada em sua frente. A foto dessa postagem ilustra a miniatura que fica atrás do acrílico, quando o bonde começa a andar sobre os trilhos paralisa o olhar das crianças, principalmente, dos pequenos, eles adoram esse momento da visita. No entanto, o posto se encontra num declive, e para garantir o funcionamento da grande atração da criançada (o bondinho) o ônibus monobloco que hospeda o museu precisa estar em terreno plano. Puxa! O que fazer agora? Pois os nossos visitantes do dia eram, justamente, os pequeninos, com exceção das turmas do SASE (Serviço de Apoio Sócio Educativo). Assim que expomos essa dificuldade, imediatamente, um morador da comunidade ofereceu a energia da sua casa. Pronto! Problema solucionado. O Chefia (motorista do Memória) estacionou o museu em frente a moradia do solícito rapaz e, em seguida, realizou as instalações necessárias. Tudo certo!Começamos a receber as primeiras turmas.

A cada saída do Memória, sejam visitas a escolas ou eventos na cidade, aprendemos coisas novas, é incrível a troca de conhecimento e experiências que o Museu Itinerante Memória Carris proporciona. Nessa Segunda-feira não foi diferente. Mesmo que a história a ser apresentada durante a monitoria da visita seja sempre a mesma, a forma que ela é conduzida se altera de acordo com a turma. Essa variante está associada a diversos fatores, como a faixa etária, o número de visitantes e, principalmente, o posicionamento dos professores, bem como da escola de contextualizar a visita, fazendo com que esse momento lúdico proporcionado pelo Memória seja uma extensão da atividade em sala de aula.

Recebemos as turmas pela manhã e pela tarde, todos muito curiosos para ver o que havia dentro daquele ônibus antigo parado ali perto. Ao final, depois da última visita, fui agraciada com duas surpresas, um cartaz com desenhos do museu, da turma do Jardim A e um teatro dos alunos do SASE da tarde. O espetáculo transmite várias mensagens e o mais interessante é que a professora montou o texto a partir de relatos dos alunos, de suas vivências nas escolas no turno inverso. Todos participam, cada um tem um papel fundamental na peça demonstrando a importância do respeito com o outro. Através dessa postagem quero parabenizar o trabalho do CENEAMM 1° de Maio e a iniciativa de levar o teatro para a sala de aula, tornando o aprendizado mais prazeroso, bem como agradecer por mais uma oportunidade de trocar experiências.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Histórias e Memórias


Dia 18 de maio comemoramos o Dia Internacional dos Museus, instituído pelo Conselho Internacional dos Museus - ICOM, em 1977, para estreitar laços entre os museus e às comunidades as quais pertencem. O ICOM, criado em 1946, tem o objetivo de promover os interesses da Museologia e de outras disciplinas relacionadas com a gestão e as atividades dos museus.

As instituições museológicas possuem um papel fundamental para a sociedade proporcionando um encontro do indivíduo com diferentes momentos, sejam eles separados por um grande espaço temporal, ou não. Os museus são locais de salvaguarda da memória e possibilita que preservemos nossas histórias, fortalecendo e revitalizando a identidade cultural da nação. Tal identificação possibilita que desmistifiquemos esses espaços como locais de velharias, reconhecendo-nos como sujeitos ativos e, não apenas, como meros expectadores.

A partir dessa perspectiva que o Museu Itinerante Memória Carris sai às ruas de Porto Alegre visitando escolas e espaços públicos da cidade. Levamos dentro do nosso museu – um ônibus monobloco de 1984 – uma série de histórias e memórias materiais e imateriais. Através desse pequeno espaço as pessoas podem conhecer a história do transporte coletivo e o seu fundamental papel nos processos de modernização, metropolização e verticalização da capital rio-grandense.

Quando a história da Carris vai às ruas percebo a manifestação de diferentes sentimentos, mexendo com as sensibilidades dos porto-alegrenses, tanto com os pequenos – que enxergam um mundo muito distante do seu – como para os mais experientes que rememoram tempos vividos. Na semana passada, o Memória esteve dois dias em frente ao Memorial do Rio Grande do Sul, compondo a Mostra dos Museus, na qual tive a oportunidade de ouvir as mais variadas histórias. No ambiente urbano de Porto Alegre, em pleno centro da cidade, onde turistas desfrutam do cenário cultural, enquanto outros correm contra o tempo em meio há uma série de atividades – que na maioria dos casos, possivelmente, necessitariam 34 horas, ao invés de 24 para satisfazerem suas demandas diárias – o nosso museu acolhia, por alguns minutos, esses passantes. Alguns narravam histórias vividas no período dos bondes, outros entravam e saíam exclamando terem saudado a sua infância, alguns ficavam espantados de como tudo era diferente e, outros ainda, saíam depois de olhar atentamente sem pronunciar nenhuma palavra, porém, apenas com um olhar manifestavam as suas sensações.

Posso confessar a todos que acompanham o blog que vivo momentos mágicos ao presenciar sentimentos tão distintos a partir da hora que as pessoas – das mais diferentes faixas etárias, “estilos” e classe social – embarcam nessa viagem no tempo ao adentrar no Monobloco da Carris. De alguma maneira percebo a conscientização do transporte coletivo como um patrimônio público de fundamental importância para a sociedade, e que, portanto, necessita diariamente do nosso cuidado.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Noel Rosa - Um encontro do samba com o cotidiano


Para continuarmos no clima da nossa última postagem, na qual a música brasileira encontra os bondes que compuseram a paisagem urbana durante muitos anos, falemos de Noel Rosa. Sambista, boêmio, artista da música popular brasileira, Noel destacou-se na década de 1920 e 1930 sob o importante papel de representar em suas composições as significativas transformações desse período, tendo como foco a cidade do Rio de Janeiro.
A profusão do rádio e da indústria fonográfica, bem como a instabilidade política dos fatores que culminaram na Revolução de 30 compunham um cenário de constantes mudanças que estiveram presente na música. As ideologias dos grupos sociais, marginalizados pelo advento da modernidade e do progresso, assim como seus receios e angústias referentes ao futuro manifestavam-se na produção artística, sendo o samba um elemento de destaque entre as expressões populares. Nesse contexto, Noel Rosa ocupa um papel de destaque em suscitar nas suas letras desde o cotidiano prosaico, a diversidade sociocultural e as mazelas sociais.
Como não poderia deixar de ser, os bondes e suas figuras representativas - tais como o condutor e o motorneiro – configuraram os sambas desse compositor, nascido em Vila Isabel/RJ, tendo ficado conhecido como o “Poeta da Vila”. Hoje, ao escutarmos as músicas desse grande sambista, é oportunizada a vivência de um sentimento nostálgico sob as transformações que ocorreram na paisagem urbana do nosso país. Para além da beleza dos acordes musicais, através das canções de Noel, os mais jovens evidenciam os traços de um passado longínquo, ao passo que para aqueles mais experientes, essas músicas propiciam a rememoração de um tempo vivido. A importância da manutenção dessas memórias permite a consolidação do nosso patrimônio histórico cultural imaterial– numa próxima postagem abordarei esse conceito com maior profundidade.
São Coisas Nossas
(Noel Rosa)
"Queria ser pandeiro
Pra sentir o dia inteiro
A tua mão na minha pele a batucar
Saudade do violão e da palhoça
Coisa nossa, coisa nossa

O samba, a prontidão
E outras bossas,
São nossas coisas,
São coisas nossas!

Malandro que não bebe,
Que não come,
Que não abandona o samba
Pois o samba mata a fome,
Morena bem bonita lá da roça,
Coisa nossa, coisa nossa

O samba, a prontidão
E outras bossas,
São nossas coisas,
São coisas nossas!

Baleiro, jornaleiro
Motorneiro, condutor e passageiro,
Prestamista e o vigarista
E o bonde que parece uma carroça,
Coisa nossa, muito nossa

O samba, a prontidão
E outras bossas,
São nossas coisas,
São coisas nossas!

Menina que namora
Na esquina e no portão
Rapaz casado com dez filhos, sem tostão,
Se o pai descobre o truque dá uma coça
Coisa nossa, muito nossa

O samba, a prontidão
E outras bossas,
São nossas coisas,
São coisas nossas!"

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Resgate de Memórias


Ontem, ao chegar na Carris e avistar, sobre o teclado do computador, a chamada da matéria “Talento e Memória em Musical” no Expediente do jornal Zero Hora fez com que meu dia ganhasse um colorido especial. A reportagem descreve a última gravação das cenas que irão compor um longa-metragem sobre a história do músico Octávio Dutra. Compositor gaúcho que gravou no Rio de Janeiro, assim como outros virtuoses do cenário musical do período, mas que consolidou sua música em Porto Alegre. O resgate da história desse ícone representa a presença do Estado em meio à efervescência da cultura nacional no início do século XX.

As primeiras décadas dos novecentos foram traçadas por grandes transformações decorrentes de um processo de mudanças com a instauração da República no final do século XIX, entre outros fatores. Acompanhando o cenário nacional Porto Alegre, nesse período, é marcada por grandes alterações na sua paisagem urbana. Esses eventos diversificaram as atividades produtivas, sociais e culturais da cidade gerando novas necessidades. Nesse contexto, no qual se intensificou a necessidade de comunicação, surgem os primeiro bondes na capital. O bonde à tração animal e, logo após, a eletricidade simbolizando a modernização. Entre composições de diferentes gêneros musicais, tais como choros, polcas, sambas e valsas, Octávio Dutra, há 90 anos, sentiu-se inspirado a compor dentro de um Elétrico da Carris (veja um vídeo realizado pela equipe de comunicação da empresa aqui). Sua composição ficou conhecida como: “Em um bonde”, ou “Choro composto em um bonde”. O que provavelmente, com a corrida diária que estabelecemos com o relógio, dificilmente aconteceria dentro de um transporte urbano em pleno funcionamento. O bonde compôs junto com a música de Octávio a representação da cultura urbana da nossa cidade.

A produção de um filme relatando episódios desse personagem da história da música nos propiciará viver ou, então, reviver a Porto Alegre de décadas atrás. Confesso ser uma apaixonada pela música popular brasileira – declaração que não apresenta nenhuma novidade para os que me conhecem - e fico feliz em perceber que compartilho desse sentimento com as diferentes gerações. A foto que estampa a reportagem do Zero Hora,assim como ilustra essa postagem – realizada no set de gravação montado em um pitoresco bar do centro – demonstra esse gosto compartilhado. A cena é dividida por dois excelentes músicos gaúchos da atualidade, Yamandu Costa e Pedro Franco. O primeiro já ganhou o público além das barreiras continentais e o segundo – um jovem de 17 anos – inicia sua carreira abrilhantando as rodas de músicos em Porto Alegre. Tais eventos são mais uma demonstração de que a música perpassa as fronteiras temporais.

Projetos assim denotam a importância da materialização de memórias do cotidiano urbano para a nossa identidade cultural. Imagens, partituras, relatos são conjuntos, dos quais criam-se discursos, que viabilizam as desconstruções hegemônicas quanto os espaços geográficos da formação da música popular brasileira. Essas iniciativas rememoram fatos – embora na ocasião não tenhamos essa consciência – que simbolizam as nossas características sócioculturais. Parabéns a todos que se preocupam com a conservação desses momentos que marcaram a boemia porto-alegrense!

sexta-feira, 27 de março de 2009

Memória volta às ruas de Porto Alegre


Após passar por reformas, de cara nova, o Museu Itinerante Carris abre sua agenda para visitações nas Escolas da rede pública e privada de Porto Alegre, assim como para eventos. O agendamento pode ser feito pelo endereço eletrônico renata_souza@carris.com.br ou memória@carris.com.br ou, então, pelo telefone no número 32892122.

No mundo de hoje corremos numa disputa acirrada com o tempo. Muitas são as vezes que o atual confunde-se com o passado numa ação de se presentificar o futuro. A preservação de memórias coletivas, sob esse contexto, faz-se fundamental para que possamos manter algum elo com o passado. A Carris, como uma empresa de mais de cem anos, dedica-se na preservação dessas memórias tão significativas em todo o processo de modernização da nossa cidade. O Museu Itinerante volta às ruas da capital levando antigas histórias aos porto-alegrenses, assim como criando outras a partir da sua convivência com o público.

Agende sua visita para que possamos além de dividir, construir novas memórias.

Parabéns!!!


Estamos em plena semana de Porto Alegre... Falemos sobre a cidade. Jerônimo de Ornelas estaria mais autorizado a isso, claro, mas eu nasci aqui, Jerônimo não; estou vivo (ainda não saí de casa hoje). Jerônimo não. Atrevo-me pois a escrever. (Crônica de Moacir Scliar no jornal Zero Hora, 1979)

Na crônica de Moacir Scliar, o personagem legitima sua autoridade como cidadão porto-alegrense através de seus sentimentos, um companheiro das mudanças deste centro urbano. Alguém que amadureceu junto com a expansão periférica e com as transformações nas relações de sociabilidade da cidade. Através da ficção o cronista representa que o mais importante não é a data exata da fundação de Porto Alegre, mas comemorarmos a existência e a convivência de nossa capital.

Ontem, na reportagem especial do jornal Zero Hora (http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a2453791.xml&template=3898.dwt&edition=11978&section=1015), a jornalista Juliana Bublitz escreve sobre a incongruência quanto à data comemorativa do aniversário de Porto Alegre (assunto já abordado nesse blog na postagem "Parabéns, Porto Alegre"-03/04/2008). Tal fator, seja justificado através de preceitos políticos ou não (como denota a matéria), acarretou na comemoração do bicentenário da capital em duas datações distintas. Esse fato, embora pareça imutável, demonstra que a história é passível de diferentes interpretações.
Talvez a crônica de Scliar nos ampare a não nos preocuparmos, nesse momento, com essas discussões, mas a sentir-nos um pouco fundadores de nossa cidade, cidadãos porto-alegrenses, nascidos aqui ou não. Uma celebração realizada tanto por aqueles um pouco mais experientes, os quais acompanharam esse processo de urbanização, bem como os mais jovens que participarão das próximas transformações da nossa capital. O importante, penso, é comemorarmos essa semana como integrantes ativos desses processos de ressemantização, conscientes das nossas atitudes.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Boa tarde!

Sou Renata Andreoni, a nova estagiária do Museu Itinerante Memória Carris. Inicialmente, quero agradecer a Débora pela confiança e atenção, elementos fundamentais, a partir dos quais estou alicerçando a minha nova jornada profissional. Será uma experiência inédita e confesso-lhes que agora, assim como a nossa querida Débora, sinto um misto de sensações, onde entusiasmo, expectativa, insegurança, desafio, alegria são adjetivos que caracterizam os meus sentimentos neste momento.
Ambientando-me com a história dessa empresa de 136 anos, com importância expressiva na história dos transportes do nosso país e, quiçá, mundial, identifico o trabalho pró-ativo que a equipe do Memória vem realizando para comunidade porto-alegrense. Mais um motivo para justificar a minha expectativa frente tal responsabilidade. Para tanto, acredito superá-la com o passar do tempo a partir de um trabalho de pesquisa e, fundamentalmente, com a ajuda do Chefia (tenho certeza que aprenderei muito com ele), bem como com a colaboração de todos que estiverem dispostos a construir, junto comigo, um caminho compromissado com a História e a Cultura da nossa cidade.
Gostaria de registrar aqui um agradecimento aos novos colegas da Carris pela recepção e, em especial, para os meus colegas da Assessoria de Comunicação que me receberam de maneira muito afetuosa, acalentando-me para esse novo desafio.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Despedida




Queridos leitores deste blog, hoje é meu último dia na Carris. O que sinto é um misto de alegria com tristeza. Alegria porque, felizmente, tudo saiu como planejei e farei meu pós a partir de março e tristeza por deixar para trás um trabalho pelo qual me apaixonei.
Representar a Carris ao longo destes dois anos foi uma experiência, no mínimo, enriquecedora, sabendo que meu papel era demonstrar a história de uma empresa que tem 136 anos e é, atualmente, a mais antiga de transporte em funcionamento. Acredito que quando andamos com o ônibus Memória pelas ruas de Porto Alegre representamos tanto os que já passaram como os que atualmente contribuem para que a companhia seja o que é. Uma marca, um símbolo não existe como entidade abstrata, mas é constituído pelos que o fazem existir, os funcionários que se dedicam diariamente. Muitos vão e vêem, e centenas já trabalharam neste empresa, muitos o nome não é lembrado nos relatos de história, mas foram essenciais para que ela seja o que é hoje. Gosto de chamar esses de trabalhadores “por trás das cortinas”, eles são essenciais para a perfeição do espetáculo.
Diferentes de outros lugares que já trabalhei e das atividades que exerci, o Memória sempre me proporcionou experiências singulares e com pessoas que, de outra forma, não teria contato. Foram vários e-mails recebidos, recados e ligações. Gostaria de agradecer a todos os que, de alguma forma, mantiveram contato e espero ter correspondido às expectativas dos que me procuraram.
Sei que sentirei falta de tudo isso, principalmente, do contato com o público que tanto me alegrava. Também sentirei saudade dos que dividiram seu tempo comigo, o pessoal da Assessoria de Comunicação da Carris e, especialmente, do Chefia (seu Eloy, motorista do ônibus), que nestes dois anos foi minha melhor e maior companhia. Aprendemos muito um com o outro, mas creio que o ganho maior foi meu, com certeza, pelo privilégio de trabalhar com alguém que é tão significativo para a Carris. A Renata fica no meu lugar e tenho certeza que continuará o trabalho de pesquisa que já tenho desenvolvido. Desejo que ela se encontre neste trabalho como me encontrei e que se apaixone por ele como eu me apaixonei. Fornecerei a ela o login e a senha deste blog e logo ela iniciará o a atualização dele.
Grande beijo a todos

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Dona Claudete




Já falei aqui sobre as pessoas que não aparecem para o público, mas são essenciais para a execução do trabalho diário. São os profissionais que trabalham por trás das cortinas, fazendo de tudo para que o espetáculo seja perfeito. Na Carris, dezenas de colaboradores limpam e consertam os ônibus de dia e noite, possibilitando a perfeição do serviço prestado. No caso do Memória, além do pessoal da manutenção, que volta e meia presta-nos apoio, a Dona Claudete é quem realiza diariamente a limpeza do museu, garantindo a alegria da garotada.
Ela é conhecida na empresa por sua simpatia e carisma. Exemplo de dedicação e trabalho, é formada em história, com Especialização em Escola Contemporânea pela Fapa (Faculdade Porto Alegrense). No entanto, ao entrar na Companhia, em 1992, Dona Claudete ainda não havia terminado o ensino fundamental. Com a oportunidade de fazer cursos dentro da própria empresa, ela estudou e obteve a aprovação nas provas da SEC (Secretaria da Educação) que lhe possibilitaram conseguir o certificado do ensino fundamental e médio. A professora já trabalhou como voluntária em várias escolas e ministra constantemente aulas, na Carris, para os alunos do Curso de Desenvolvimento de Competências Profissionais.
Aos 64 anos, Dona Claudete é a responsável pela limpeza do Memória, não só no dia-a-dia, mas, também, a que realizamos anualmente com a retirada do acrílico. Ela faz tudo com muita dedicação e esforço, mostrando a todos, com seu trabalho, o grande carinho que tem pela Carris. Ela garante a visita perfeita, nas idas e vindas do Memória.


terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Notícias sobre o bonde histórico em Porto Alegre


Coincidentemente, hoje saiu uma reportagem no Correio do Povo sobre o Projeto do Bonde Histórico em Porto Alegre. Leia abaixo:
A reformulação na estratégia de busca de recursos para o projeto que prevê a instalação do bonde histórico no Centro da Capital adia o começo das obras. Convênio entre o Ministério das Cidades e a Prefeitura de Porto Alegre, assinado há dois anos, ainda não saiu do papel devido a algumas mudanças. O projeto está sendo elaborado pela Trensurb, que decidiu buscar financiamento junto ao Ministério do Turismo, ao invés de buscá-lo junto ao Ministério da Cultura, pela Lei Rouanet.
O gerente de Mobilidade Urbana da Trensurb, Sidemar Francisco da Silva, avaliou que as alterações foram fundamentais para que haja a captação dos recursos necessários ao projeto. "Somos parceiros nessa iniciativa. Houve uma indicação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para que os financiamentos fossem buscados junto ao Ministério do Turismo e essa mudança gerou a demora no andamento do projeto", explicou. A expectativa é que no primeiro semestre desse ano o financiamento esteja definido para que os projetos executivos sejam iniciados. O gerente adiantou que depois dessa etapa caberá à prefeitura definir a execução da instalação, assim como o seu gerenciamento e funcionamento. O total de investimentos estimado para o projeto é de R$ 11 milhões.
A instalação do bonde histórico é uma das iniciativas que fazem parte do programa de revitalização do Centro Histórico de Porto Alegre. O objetivo é que a linha seja exclusiva para o turismo e não uma alternativa ao transporte público. A previsão é que sejam negociados os horários e os dias em que os bondes funcionarão, para não causar transtornos ao trânsito normal na região central. O início da instalação ainda não tem previsão porque está vinculada à liberação de recursos financeiros e à prefeitura, parceria na iniciativa. A ideia do projeto é que seja construída uma linha histórica que passe pelo chamado corredor cultural do Centro da cidade. No bonde, as pessoas poderão valorizar e conhecer os pontos turísticos, colaborando para impulsionar o turismo local. A linha passará em frente a locais como o Mercado Público, o Chalé da Praça XV, o Paço Municipal, a Praça da Alfândega, o Memorial do Rio Grande do Sul, a Casa de Cultura Mario Quintana, a Igreja Nossa Senhora das Dores, a Usina do Gasômetro, entre outros. O trajeto, de aproximadamente cinco quilômetros, será feito por dois bondes restaurados.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Bonde Histórico


Assim como em Santiago (onde o projeto ainda está em execução), no Chile, em Santos (SP) o bonde histórico já é uma realidade desde 2000, quando foi inaugurado no Paço Municipal, na Praça Mauá. O passeio percorre pontos históricos abordo de um bonde aberto de 1920, acompanhado do motorneiro e condutor. Há duas opções de passeio, a Bond Tur, que é acompanhado por um guia turístico mediante agendamento e a circular, com freqüência de 15 minutos de terça- feira a domingo.
A novidade é que a linha histórica de Santos vai ser ampliada de seus 1,7 km para 5 km de extensão. Segundo o Jornal A Tribuna, dois bondes turísticos foram doados pela cidade de Turim, na Itália, e devem chegar lá este mês ainda. A iniciativa faz parte de um contrato de cooperação estabelecido em julho do ano passado pela Prefeitura de Santos e o Gruppo Torinese de Transporti (GTT), empresa que controla os transportes coletivos no País. Os veículos estão sendo trazidos em três contêineres, pelo navio MSC Carolina. O desembarque será feito no cais santista, no terminal marítimo da Rodrimar.
O bonde em Santos foi inaugurado em 1871 (um ano antes de Porto Alegre) pela Cia. Melhoramentos da Cidade de Santos. Os veículos, puxados por burros, faziam o transporte de gêneros alimentícios, mercadorias e passageiros. Em 1904, iniciou-se o período de maior desenvolvimento do transporte em Santos quando a The City of Santos Improvements Company Ltda. assumiu o controle das linhas de bonde. A 28 de abril de 1909 (um ano após nossa Capital), foi inaugurada a primeira linha de bondes elétricos, ligando o Centro de Santos a São Vicente, via praia. O serviço de bondes na cidade paulista terminou em 1971, sendo a última cidade a extingui-lo no Brasil.
A linha histórica de Santos serve de inspiração para o projeto de Porto Alegre, sendo que representantes da Carris já estiveram por lá recolhendo os documentos e projetos. Além de Santos, existe a de Santa Tereza, no Rio de Janeiro. Mas esta é assunto para outra postagem.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

O mais antigo funcionário




No Correio do Povo usado como fonte na outra postagem tem uma menção ao mais antigo funcionário da Carris, senhor Boleslau Mariano, com 57 anos de serviço. Bem, hoje tal marca foi superada pelo sr. Antônio Carris, carinhosamente chamado de seu Antônio. Ele completou 60 anos de Carris em dezembro do ano passado. Foi homenageado, na ocasião, por uma festa dos colaboradores.
Nascido em Cruz Alta (RS) em 1923, seu Antônio veio para Porto Alegre em 1946. Conseguiu seu primeiro emprego como sapateiro e, em 1947, foi contratado pela Carris para atuar como cobrador nos bondes da linha Floresta. Após um ano, foi promovido a motorneiro, e passou a operar todas as linhas dos bondes.
Em 1950, transferiu-se para o setor de ocorrências. Ele registrava tudo o que acontecia com os bondes durante o dia. Recebia as informações por telefone, muitas vezes por parte dos usuários. Era uma atividade parecida com a do Sistema de Atendimento ao Cliente de hoje. Um boletim com estas ocorrências era publicado diariamente, para conhecimento de todos os funcionários. Após dois anos, começou como escriturário no departamento de pessoal. Em seguida, passou a exercer funções de auxiliar administrativo, na área de admissão de novos funcionários. Foi aí que surgiu um interesse que ele desconhecia até então: a datiloscopia, a ciência que estuda as impressões digitais das pessoas.
Todos os dias, Antônio tirava as impressões digitais de diversos funcionários, e lhe interessava o fato de cada um compreender o contrato de emprego de uma maneira diferente. Ele começou a relacionar as distintas interpretações com o formato das impressões digitais. Pesquisou sobre o assunto por mais de 12 anos e, ao longo deste tempo, desenvolveu uma técnica batizada por ele de “Datilopsicologia”. Essa técnica permite conhecer o Quoeficiente de Inteligência Constitucional (QIC) e o temperamento de qualquer pessoa a partir de uma análise minuciosa das digitais. Após os 12 anos de pesquisa, publicou um livro intitulado “Datilopsicologia”. Por conta da publicação, foi convidado a participar de um simpósio sobre egiptologia em Londres, na Inglaterra. Lá ele ficou responsável por analisar as impressões digitais de dez múmias e revelar o temperamento de cada uma durante a vida.
Acima, foto dele na homenagem com dois colegas, Elson Viana (vestido de motorneiro) e Galvânia.

Bonde 113 x 123


Há cerca de dois anos, em troca de e-mails mantidas com o professor Allen Morrison, surgiu a dúvida em relação ao bonde que hoje esta em frente a Carris, o Brill 123. O pesquisador tinha documentos que mostravam o 113 (do mesmo lote que o 123) vindo para a Carris em 1972. O jornal Correio do Povo chegava a afirmar, inclusive, que este era o bonde que havia feito a última volta em Porto Alegre em 1970, acompanhado do prefeito, autoridades e jornalistas. Contudo, o bonde na frente da Carris, onde está instalado o Sistema de Atendimento ao Cliente Carris (SACC), era o 123 e não o 113. Chegamos a cogitar a hipótese de a numeração ter sido trocada na reforma por um eventual descuido. Erro gravíssimo, por certo, mas que poderia ter acontecido. Allen também tinha uma foto, exposta em sua página, onde aparecia o 123 em frente ao Mercado Público na década de 90.
No entanto, ao ter contato com outros documentos da própria Carris tudo foi esclarecido. O 113 havia ido inicialmente para frente da Companhia na década de 70, mas fora transferido para o Museu Joaquim Felizardo em novembro de 1990, onde permanece até hoje. Na época, inclusive a idéia da diretora, Vera Thaddeu, era restaurá-lo e faze-lo transitar em uma linha histórica no Parque Maurício Sobrinho (Harmonia). Já o 123 havia sido colocado em frente ao Mercado Público em 1992 devido à comemoração dos 120 anos da empresa. No entanto, em 1995 seria retirado de lá devido à depredação. Após passar por uma reforma ele passa a ficar em frente à empresa, abrigando o sacc.
Atualmente, só o bonde Brill 123 pertence à Carris, mas entre as décadas de 80 e 90 havia outros pelo pátio na Albion. Um deles serviu para abrigar o pessoal da Assessoria de Manutenção e teve um que foi, inclusive, usado como capela metodista. Coloquei um álbum no Museu Virtual onde pode-se acompanhar o transporte e a trajetória dos dois bondes da nossa história recente.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Carnaval na Carris


Hoje, por coincidência, encontrei novamente o Marcelo Tadeu de Lima Fraga, cobrador da Carris e um dos organizadores do desfile da escola de Samba Unidos da Vila Mapa. Já falei aqui que o tema será a história da Carris. Tive a oportunidade de ver vários desenhos das fantasias e posso afirmar que as reproduções estão ótimas.
Procurando mostrar a evolução e as mudanças pelas quais passou o transporte coletivo, serão apresentadas as várias fases dos veículos, começando com os de tração animal ao ônibus atual. Para isso, estão sendo confeccionadas fantasias e carros alegóricos característicos. As fantasias são as mais criativas possíveis, uma da chegada da eletricidade chamou-me especialmente a atenção, por representar a luz por meio de acessórios prateados nas “bahianas”.
Não é a primeira vez que a Carris participa do carnaval, aliás, a empresa é representada anualmente por escolas de samba de Porto Alegre. Ano passado o pessoal da Carris desfilou pela Imperatriz Dona Leopoldina.
Na época dos bondes eram comuns as marchinhas fazerem referência ao elétrico e aos seus tripulantes, o motorneiro e o condutor. Os veículos faziam também o transporte dos carnavalescos durante o desfile na Capital. Era quase um quadro alegórico, repleto de animados fuliões, como na foto acima, na década de 60.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Pessoas famosas na Carris


Por ter mais de um século de história é grande o número de pessoas que trabalharam na empresa. Nas visitas do Memória é comum encontrar ex funcionários da Carris ou quem é parente de quem, no passado, trabalhou na companhia. Nestes relatos, há sempre muitas histórias que envolvem coisas pitorescas dentro dos bondes.
Ano passado, inclusive, teve uma senhora de São Paulo que entrou em contato conosco procurando os documentos do pai, já falecido. Seu objetivo era conseguir o endereço ou o telefone de seus parentes paternos, com quem não falava há bastante tempo. Elizabeth buscava a cidade de onde seu pai havia vindo para trabalhar na Carris, em 1948. Graças à agilidade do pessoal do arquivo na Carris, consegui os documentos e enviei por e-mail para ela, que teve mais alguns dados para a busca de seu objetivo.
O fato é que várias gerações já passaram pela empresa, fazendo parte do repertório figuras famosas como Lupicínio Rodrigues. Cantor e compositor, nasceu na Cidade Baixa e é imortalizado pelo gênero dor-de-cotovelo. Ele trabalhou na empresa como aprendiz de mecânico na década de 30. É dono de uma obra rica, com letras que falam, na maioria, de mulheres e de relacionamento amorosos. São mais de 600 músicas, com cerca de 150 gravadas.
Ocorreu-me salientar este aspecto da companhia porque, neste ano, a Escola de Samba Unidos da Vila Mapa, representante da Carris, vai homenagear a história da empresa. As Alas vão representar várias fazes da história, começando com os bondes puxados a burro aos ônibus atuais. Uma das Alas, no entanto, terá a representação do Lupicínio Rodrigues junto ao Mercado Público, local marcado pela boêmia desde a época que este ilustre ex- funcionário da Carris trabalhava por aqui.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Novidades pelo Chile



O projeto do bonde histórico no Chile acaba de concluir sua primeira parte e, afirmo, pelas fotos, a restauração ficou ótima. O veículo estava a 170 km de Santiago e teve que ser transportado, antes do restauro. Segundo Santiago, presidente do instituto, o trabalho foi repleto de dificuldades, pois o elétrico encontrava-se em péssimas condições, já há anos sem uso.
Ainda falta algum tempo para que os chilenos possam ver o bonde percorrendo as ruas do bairro Brasil em Santiago, mas o trabalho até aqui já é considerável. Em julho publiquei aqui a notícia, enviada-me também por Santiago, que o projeto havia recebido US$ 1,5 mil para o translado e a restauração.
A cidade de Santiago tem algumas peculiaridades em relação a Porto Alegre. Lá é grande a quantidade de trilhos que ainda existem, embora o período de fim dos elétricos seja de cinqüenta anos (acabou em 1968, tendo funcionado por 110 anos). Em Porto Alegre, os trilhos permanecem em frente ao Mercado Público e em alguns pontos, onde dentro do asfalto desgastado, aparecem restos dos antigos trilhos. O projeto do Chile prevê a reutilização destas linhas, com algumas implantações e modificações, os bairros escolhidos são Brasil e Yungay.
A linha de bondes no Chile, segundo Allen Morrison, foi a primeira do Hemisfério sul e uma das primeiras do mundo. Ela nasceu em 1858 (a de Porto Alegre só viria em 1872), pela Companhia Carris a Vapor que ligava Santiago com São Bernardo. Os acionistas eram chilenos, mas havia muitos engenheiros norte americanos e a linha teve como base projetos desenvolvidos nos Estados Unidos. Em 1859 a empresa já operava com 20 bondes e intervalo de 10 minutos. Os elétricos lá foram inaugurados em 1900 (na Capital gaúcha só seria em 1908). Diferente daqui, também, por lá os bondes eram fabricados no próprio país.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Balanço do Memória em 2008



Dois mil e oito foi um ano diferente para o museu da Carris. As atividades que participamos foram diversas das tradicionais. Encerramos o segundo semestre contabilizando 18.649 visitantes em diversas regiões de Porto Alegre. Este também foi o ano que o Memória fez 20 anos, em março, com o decreto 9.125.
As escolas estaduais foram as mais visitadas. Contabilizaram 58% das visitas, seguidas das instituições particulares, com 24%. As novidades foram os Serviços de Atendimento Sócio Educativo (Sase), que em 2008 representaram 17%. Aumentou também o número de instituições infantis, uma inovação de certo modo, pois este não é nosso público tradicional.
Quanto às zonas de Porto Alegre, vamos mapear os lugares por onde andamos. Ano passado, as zonas central e norte representaram juntas cerca de 68% (centro 35%, norte 33%). A Zona Sul representou 28% das atividades. Foram 85 em 2008 em diversos pontos da Capital gaúcha, inclusive com uma visita à Ilha da Pintada, que não entra nas divisões regionais de Porto Alegre.
Foram vários os eventos que o Memória visitou. Além dos já tradicionais, a novidade foi o Caminho do Livro, na Rua Riachuelo, inaugurado em agosto. Ano passado fui pela primeira vez do Fórum Estadual dos Museus, onde tivemos a oportunidade de expor para profissionais nossas experiências. Nós, do Memória, participamos do mini curso Museu como Espaço Educador, ministrado pela professora Margarita Kramer, do Instituto de Artes da UFRGS.
Outro evento diferente foi a Feira de Transporte e Logística do Sul (Transposul), na Fiergs em julho. Diverso dos eventos usuais que o Memória participa, lá estavam muitos empresários e profissionais do setor de transporte no Rio Grande do Sul. O Memória foi muito apreciado no evento, recebendo muitas pessoas.
Em 2008 visitamos o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), escola técnica que existe em todo país. É a primeira vez que o museu visita um colégio profissionalizante, proporcionando uma experiência diferenciada para eles e nós. Lá tivemos contato com matérias e disciplinas diferentes das tradicionais.
Acima, gráfico das escolas visitadas.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Dia do Cobrador




Hoje se comemora o Dia do Cobrador. Embora a data não seja tradicional em outras empresas do transporte coletivo, na Carris ela é comemorada com festa. Além dos cumprimentos pelo seu dia, os profissionais, desta vez, estão sendo presenteados com uma linda caneca.
Dia festivo, nada melhor que uma pincelada de história para contextualizar a data. Nos bondes, os cobradores já existiam. No entanto, o nome era diferente, chamava-se condutor. Isso porque era ele que avisava o motorneiro a hora da partida, quando todos os passageiros já haviam descido. Além disso, ele tinha que andar de um lado para outro do veículo cobrando as passagens. Seu trabalho exigia um pouco de malabarismo, já que devia, ao mesmo tempo, equilibrar-se, cobrar a passagem e dar o troco. Os antigos passageiros relatam que eles costumavam andar com a mão cheia de notas enroladas nos dedos para facilitar o troco. Após a cobrança, deviam marcar os usuários no contador de passageiros, parecido com um relógio, que seria um “avô” da nossa roleta. Escrevi sobre ele aqui.
Os cobradores antigos enfrentavam uma série de dificuldades no cotidiano do seu trabalho. Era necessário muita atenção para que ninguém deixasse de pagar a passagem. Além disso, era comum pessoas falarem que já haviam pago, sem o terem feito. O mecanismo não era exato e podia trazer confusões, por isso muitos faziam a contagem de dez em dez. Imaginem em dia de muita lotação ou em horário de pique: o trabalho era dobrado! Conheci pessoas que me contaram que nunca pagaram a tarifa em bonde. Sempre havia um jeito de escapar, afinal, existiam quatro portas abertas na maior parte dos veículos. É claro que muitas vezes os condutores irritavam-se com os que não queriam pagar e há relatos de profissionais correndo atrás dos que se recusavam.
Os primeiros ônibus também não tinham roleta e os cobradores costumavam deslocar-se dentro do veículo para a cobrança da passagem. Posteriormente, o uso da roleta faria o Ministério Público exigir que os profissionais ficassem sentados. A data em homenagem ao dia do cobrador foi institucionalizada em 2001 e desde então é comemorada tradicionalmente na Carris. Parabéns aos cobradores pela data de hoje!
Acima foto de um bonde lotado, durante o racionamento de combustível durante a II Guerra Mundial. Imaginem o trabalho do condutor em um dia como esse!

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

De volta



<><>Estou de volta. Estive fora duas semanas e regressei ao trabalho quinta passada. Recebi nestes dias dois e-mails particularmente interessantes.
<><>Um deles é do José Kieling, que sempre acompanha nosso trabalho. Ele me indicou este site aqui, onde aparece a foto de um bonde sendo despachado da Flórida para Porto Alegre (a foto é esta, acima). A data é de 1940, quando a Carris comprou 12 bondes de Perley Thomas em Miami. A página é somente de bondes, e tem uma diversidade enorme de modelos e formas de veículos. Por coincidências temos a planta deste veículo em nossa página do Museu Virtual. Para quem gosta de miniaturas e tem talento para atividades manuais, eis um prato cheio.
<><>Outro recado interessante foi o deixado pelo Eduardo Cunha, que mora no Rio de Janeiro e é um colecionador de fichas. Segundo ele, sua coleção chega ao sul com imagens de vale-transportes de várias épocas. Creio que trocaremos informações interessantes que, com certeza, serão colocadas aqui.
<><>Esta semana farei um balanço das atividades desenvolvidas ano passado junto com um gráfico das escolas visitadas. Diferente de 2008, este ano não há datas fechadas para a história da Carris. No entanto, novidades estão sendo projetadas para o Memória a partir de março.