quarta-feira, 27 de março de 2013

Aniversário de Porto Alegre


Ontem dia 26 de Março, foi o Aniversário de Porto Alegre. Essa cidade de 241 anos, muitas histórias e a Carris há 141 anos participa da construção dessa história. Desde os primórdios com os bondes a tração animal, com a primeira linha que ia até o Arraial do Menino Deus, após com o sucesso sendo estendido há outras linhas.
Já na decada de 1900 com a chegada dos elétricos, os bondes trouxeram o glamour, ajudaram cada vez mais no progresso e no crescimento da cidade, as pessoas ficavam encantadas com os elétricos e suas luzes a noite.
A Carris, participou de um fato muito importante para o crescimento da Cidade: o fornecimento de energia elétrica. Isso alavancou o progresso.

Os bondes eram o "fio condutor" da população com a sociabilidade, pois os grandes espaços como: cinemas, mercado público, teatros, bares, cafeterias, grandes lojas. Contam os antigos que as pessoas, botavam suas melhores roupas e iam de bonde até o centro passear na Rua da Praia, ir no Café Ambergen no abrigo dos bondes. A Carris, também participou do mundo futebolístico da Capital, com craques como "Airton Pavilhão" que jogou no time da Cia o "Força e Luz".
                                         
No período americano, a Carris participou da questão cultural da Cidade com o famoso "Jazz Carris" no qual funcionários da empresa eram os músicos, deste grupo nasceu o grande Gaiteiro Pedro Raymundo.
Com a encampação a Carris foi para o controle a da prefeitura, vieram os trolleibus, os bondes sairam de circulação dando lugar aos modernos onibus. A antiga garagem da João Pessoa foi a abaixo dando lugar a Perimetral. A Carris, sempre esteve presente na cultura de Porto Alegre, com suas diversas atividades e eventos culturais, com o onibus memória Carris, exposições como A Temporânea e a  Atividade VIDHAS.

Parabéns Porto Alegre, pelos seus 241 Anos de história!

sexta-feira, 22 de março de 2013

Histórias do nosso "Fundador" : Dom Pedro II

                                                     "Fraude Imperial: negócios em família"
Hoje, com invenções como a câmara digital e a internet, é possível que um evento fotografado às 22h , seja publicado num jornal logo na manhã seguinte. Mas em 1865 quando o Brasil, lutou ao lado do Uruguai e da Argentina, na infame Guerra do Paraguai. No período, o Brasil ainda não era uma república, mas um império. Seu chefe maior era D. Pedro II e o quartel general desse conflito foi aqui mesmo, Porto Alegre, capital da Província do RS.
D. Pedro II saiu do Rio de Janeiro em 10 de Julho de 1865, rumo à Porto Alegre, de onde iria visitar o front na fronteira sul- riograndense. A viagem durava mais de dez dias dentro de um barco a vapor. D. Pedro e seus genros, Duque de Saxe e Conde D'Eu, visitaram vários quartéis e instalações militares no interior da província sulista, assim como de sua fronteira. No dia 4 de setembro de 1865, d pedro II e o duque de Saxe, acompanhados de ajudantes-de-campo (como escreve o Coronel do 31 primeiro Corpo de Voluntários da Pátria em seu Diário de Campo), seguiu até o acampamento de brigada, no fronteira de Uruguaiana. No dia 10 de setembro do mesmo  ano, a revista Semana ilustrada, do Rio de Janeiro, pública uma gravura do Imperador e seu genro posando no acampamento de guerra. Como explicar que uma foto chegou do interior gaúcho até a capital do império em apenas 5 dias, sendo que apenas a viagem de navio não durava menos que 10 dias?
Na verdade as fotos foram tiradas dentro de um estúdio em Porto Alegre. Como na época  fotos não eram publicadas, mas sim gravuras feitas a partir das mesmas, enviou-se ao  Rio de Janeiro as fotos tiradas no estúdio, ou aqui mesmo em Porto Alegre se produziu uma gravura, um tipo de "foto montagem" colocando o imperador e seu pupilo em pleno campo de batalha.
No topo do artigo, gravura produzida e publicada ma revista carioca, ao lado as fotos orginais no estúdios em Porto alegre.

quarta-feira, 20 de março de 2013

Usina do Gasometro

Usina nos dias atuais.
Quando da sua construção, há 78 anos,a Usina do Gasômetro foi considerada uma das mais grandiosas e complexas obras do Rio Grande do Sul. Este primeiro prédio de concreto armado da capital gaúcha foi sinônimo de progresso. Inaugurada em 1928, a usina , hoje conhecido ponto turístico de Porto Alegre, tinha como objetivo abastecer a cidade com uma das mais geniais invenções, a eletricidade.
                                            
Com capacidade de 20 mil kw, a usina era abastecida com carvão e, já no seu fim, por óleo diesel. A construção fomentou, no início de suas atividades, reclamações dos moradores do Centro de Porto Alegre, que devido a sua chaminé ser muito baixa, espalhava pelo centro a fuligem.
Em 1937, foi construída uma nova chaminé com 117 metros de altura. Para muitos contemporâneos, um "trambolho inesthestico" muito por sua localização, o Centro da capital. Mesmo assim, ela permanece até hoje.
Depois de ser desativada em 1974, a usina deixou de ser aquele objeto
poluente do ar e da paisagem para se tornar parte desta e resgatar o
passado "progressista positivista" da capital gaúcha que utiliza a Usina do Gasometro como espaço de cultura e lazer, à beira do Guaiba e à luz do pôr do sol.


                  Repare, no setor da Usina que controlava o fornecimento de energia para os bondes.
   Usina em pleno funcionamento, ao lado antigo presídio.


segunda-feira, 18 de março de 2013

Menino Deus:



Em 4 de janeiro de 1873 o Bairro Menino Deus, já era um núcleo importante e por isto recebeu a preferência de ter o conforto da primeira linha de transporte coletivo – o bonde puxado a burros.
Os festejos de Natal tinham um grande significado e a população ia até lá por outros meios, inclusive pelo Guaíba.
Antes , em 1864, aventureiro, Estácio Bittencourt, fez chegar até a Igreja um carro de passageiros, tosco, que corcoveava por cima dos trilhos de madeira sobre dormentes mal colocados – era a Maxambomba.
Saía-se de barco do antigo cais detrás da Alfândega não só para ir à missas e festas na Igreja do Menino Deus, mas também para cultos à devoção de Nossa Senhora dos Navegantes, na mesma capela.
O bairro cresceu em torno da Igreja, e por perto existiu o Teatrinho Felix da Cunha, o Prado  Rio- Grandense, o Jardim Zoológico Vila Damiela,a Festa da Árvore nos dias 12 de outubro,as famosas batalhas das flores ao longo da Av. 13 de Maio(hoje Getúlio Vargas);também a ponte de ferro, a Exposição Agro- Agrícola- e foi no Menino Deus que se viu o primeiro avião em Porto Algre, chegando a saindo do solo sem muito sucesso.
ALVES, Hélio Ricardo, Porto Alegre Foi Assim...  

quinta-feira, 14 de março de 2013

De olho no Cobrador


Eram comum as "aventuras" nos bondes da Carris. Contam os antigos, que um dos Hobbies da gurizada era de "atordoar" a vida dos motorneiros e conductores dos elétricos. Desde traquinagens do tipo colocar sabão nos trilhos, ou pedras até mesmo andar pendurado nos bondes (o que muitas vezes acarretava grandes acidentes e até mesmo óbitos), sair correndo do bonde e não pagar a passagem. São tantas as histórias, que cada vez que são contadas gera o sentimento de saudosismo nos que viveram nesse tempo e uma inveja "gostosa" em quem não viveu o tempo áureo dos "amarelinhos" da Carris. Os funcionários da Carris sempre preocupados com a segurança da população e obedecendo os princípios da empresa de transporta os passageiros com segurança, sempre davam broncas nos moleques, mas no fundo muitos contam que aquelas brincadeiras eram o que traziam alegria no dia a dia, deixando um pouco de lado esse comportamento "frio" em que as pessoas se distanciaram uma das outras. O bonde era um espaço de sociabilidade muito importante no dia a dia de Porto Alegre, algo que deixou saudade não talvez pelos elétricos mas sim pelas vivências, amizades e amores em que naqueles longos trajetos nasciam e aconteciam.
Confira abaixo na integra a Matéria no Almanaque Gaúcho 13 de março de 2013

segunda-feira, 4 de março de 2013

O Guia do Bonde



Guia do Bonde - este texto foi publicado no Rio de janeiro em janeiro de 1938, mas suas recomendações podem ser estendidas a todos os usuários de bonde. A Light, empresa estadunidense que o texto se refere, era a detentora das ações de diversas companhias de transporte brasileiras.

O bonde nada tem de bond...oso. é pesado, intransigente, tem um caráter tão firme que não recua sem muito refletir nem pedir licenças aos colegas que vêm correndo na cauda. É claro que com um bicho desse tamanho (tamanho de um bonde) é preciso que quem o toma se porte com a necessária precaução se quiser voltar para casa com os ossos no lugar em que a natureza os colocou, de acordo com os tratados de anatomia.
Mas, toca o bonde... isto é, vamos ao nosso guia:
- O transeunte tem pressa – se tem pressa, terá pressa também de morrer. Se não quiser esperar que o bonde chegue ao poste de parada e fique imóvel, é o passageiro que ficará imóvel embaixo dele. O fato de agarrar-se ao balaústre quando nunca se aprendeu ginástica ou não se possui uma elegante cauda pênsil orgulho dos macacos, implica a idéia de se agarrar ao braço da Morte. O arranco é dos mais sensacionais e vale a pena assistir o desfraldar de um corpo humano como bandeira agarrada ao pau sacudida pelo vento, descrever linda parábola de geometria no espaço da volta completa e estabelecer–se no asfalto de preferência com a cabeça de onde logo, pela brecha inevitável, vão se escapando como os pombos do soneto as idéias de misturar com a tal massa cinzenta (se a tiver). Quando isso não acontece, reboque transforma-se em rabecão. A família irá procurá-lo no necrotério. Se o bonde já partiu do poste, o acidente não varia, pois são as costelas que serão escolhidas. Se o passageiro for mulher haverá mais costelas para quebrar. 

- Saltar do bonde em movimento – coordenar os próprios movimentos com os do bonde é uma ciência tão complicada que o próprio Einstein deixou de estudar, com receios das conseqüências nas experiências. A força da inércia costuma divertir-se à custa da humanidade. O passageiro quer chegar antes do bonde não se conforma com poucos segundos de espera voaria por cima do motorneiro. Agacha-se afoitamente ao balaústre esquece certo reumatismo, não tem tempo de resolver certos cálculos de probabilidade não olha se o lugar onde vai por os pés é asfalto, paralelepípedo, uma poça d’água ou casca de banana. E salta. Em vez do pé chegou primeiro o nariz esborrachou-se como mamão maduro e se não levantar logo a carcaça do lugar logo vem um auto para realizar a autópsia. Não se esqueça nunca, num caso desses, de fazer testamento para que os herdeiros possam abençoar sua providencial imprevidência.

- Tomar bonde pelo lado da entrelinha – esta é uma surpresa que o passageiro costuma fazer ao bonde o qual retribui com outra, muito mais agradável embora só se preocupe com a direita. À esquerda há uma barra, mas o passageiro não admite ser barrado, arma ou pulo... errado para a longarina que está suspensa falseia o pé e ao mesmo tempo bate com a caixa do juízo na barra, que não é a do Rio, mais um diacho de travessão duro como cama de pobre. Resultado: o pé tonteou, a cabeça levou uma luxação no tornozelo e em torno o zelo dos que assistiram ao delicioso trombalhão não o livra de entregar os cacos à Assistência para que o solde deixando-o pronto para outra. Pode-se dar também, o caso de um estatelamento no trilho, no justo momento em que um bonde bagageiro avance em sentido inverso e emende e complete o desastre com uma decapitação magistral ou amputações dignas do mais afamado cirurgião.
- Atravessar a linha – há gente neste mundo esquisito que não se satisfaz com a calçada quer palmilhar os trilhos, arremedando o burro entre os varais ou acompanhando a predileção que tem os chaufeurs pra meter as rodas do carro sobre os trilhos. Sente o gostinho de atravessá-los com a pachorra de um paquiderme em plena jungle sem cuidar da esquerda, da direita, das piscadelas do sinaleiro e dos carros que se cruzam. Os pés estão nos trilhos, mas o pensamento vagueia entre as nuvens da cordilheira dos Andes. Ficou surdo, cego e mudo, ouvira com agrado o tímpano duma porta de cinema e não a do motorneiro.
Fica tão desprendido que o bonde, passando ainda mais o desprende uma perna pra cá, outra pra lá, a cabeça foi com a roda e no chão talvez ficasse intacto um ovo, destinado a outro gênero de fritada.
Num caso como esse a Assistência não tem interesse em intervir.
Pede-se logo o rabecão põe-se tudo num saco e manda-se para o Caju. Pêsames à família enlutada. Missa de sétimo dia etc.
- Os pingentes – é a consequência de falta de lotação efetiva. Dividimos esse lote de passageiros em duas classes a saber:
1- Pingente proposital – há lugar, mas ele prefere ser o parente... colateral da pequena que está na ponta do banco.
2- Pingente especial – é um caso clínico. Ele sofre de certa moléstia que o impede de sentar-se, moléstia essa que chamaremos de assentopatia, em lugar de outro nome impróprio. Este caso de pingente é também pungente.
Para estes dois casos o perigo é o mesmo. Está o pingente de pé pode cair sentado no asfalto, ou em última análise de pernas para o ar, se não fizer caso do clássico grito do motorneiro: "olha à direita".
Algum veículo arranca-o da contemplação dá-lhe o tranco algum poste fora alinhamento o reduz em postas difíceis de se alinhar.
Esbarros, trancos, solavancos, trombalhões, costelas quebradas são casos de somenos importâncias, voam embrulhos chapéus, guarda-chuvas, pastas, relógios, chaves com ou sem molhos, carteiras com ou sem elas. O reboque encarrega-se de apanhar somente o freguês e com pingente o espetáculo torna-se compungente.

- A traseira – é o sistema especial dos garotos tomarem a traseira dos bondes.
O castigo da traseira devia ser aplicado pelos pais com um tamanco bem resistente.
Em casos especiais é a própria traseira do bonde que se encarrega de dar com a dita do garoto no duro asfalto ou num monte de pedras. Os garotos preferem emendas nas calças, mas não se emendam. O carro que vier reduzi-los a uma indigesta fritada.
Como você vê, temos que recorrer a uma escandalosa comparação de Deus com o perigo. Está em toda a parte. Enquanto a Light não inventar bondes e ônibus
de fumaça, temos que andar com muitas precauções se não quisermos tomar certos bondes especialmente recomendados para os imprudentes o do Caju e o outro de São João Batista.
Para evitar o atropelo precisa ter outro "pelo", muito "pelo" mesmo não ser surdo, nem cego, ainda menos tonto, distraído, apaixonado, apressado e saber dar à própria vida preço maior que o da passagem do bonde que se tomar.
Ou a Light me agradece estes conselhos gratuítos à sua freguesia ou então farei o voto de andar sempre a pé... pelos telhados.