segunda-feira, 8 de abril de 2013

Bonde na Capital

      Na última quarta-feira, o jornal Zero Hora publicou uma matéria comentando o projeto que pretende criar uma linha turística de bondes no Centro Histórico da Capital. Para a realização da matéria, os jornalistas responsáveis pela mesma realizaram uma pequena pesquisa; com a colaboração de nosso setor; buscando saber onde se encontram e quais são as atuais condições dos antigos bondes que circularam em Porto Alegre até o ano de 1970. Conseguimos levantar a história de alguns poucos bondes que foram doados e que se encontram em diferentes condições, alguns bem preservados e outros muito deteriorados. Entre as histórias que tomamos conhecimento, uma chamou bastante a atenção, trata-se de um bonde que foi transformado em atelier na Zona Sul de Porto Alegre. Abaixo iremos transcrever parte da reportagem: 
"(...) Foi motivada pela saudade dos tempos em que circulava de bonde pelo centro de Porto Alegre que, há uma década, Zilka D´Ornelas, 82 anos, adquiriu um dos antigos veículos da Carris. A aposentada ficou sabendo que a peça histórica estava prestes a ir para um desmanche e resolveu recuperá-la. Dentro dele, montou um atelier na Zona Sul. (...) Atelier do Bonde O espaço mantém um bonde da Carris estacionado no pátio, onde funcionam eventos artísticos e culturais regulares. O bonde foi comprado pela artista plástica Glaucia Scherer antes que virasse sucata. Na época da aquisição, uma igreja evangélica funcionava no interior do veículo (...)". 
    Para quem tem curiosidade de conhecer o "bonde atelier" o mesmo se encontra na Avenida Otto Niemeyer, número 1173, bairro Tristeza. Este nosso trabalho de busca pelos antigos bondes reacendeu aqui no nosso setor uma antiga discussão: o que fazemos com a nossa memória? Onde a colocamos? Já é senso comum falar que a história da Carris confunde-se com a história de Porto Alegre, os bondes fazem parte do passado da cidade e da memória de inúmeros porto-alegrenses, como permitir que estes veículos se percam e acabem se tornando sucata? O exemplo de dona Zilka D´ Ornelas é muito interessante, com ela um pedaço da memória de Porto Alegre foi preservada, e o espaço do antigo bonde está sendo utilizado de uma forma bastante criativa. 


Um comentário:

Bonde disse...

É com grande alegria que leio o texto publicado pela equipe Memória Carris sobre a iniciativa da minha mãe, Zilka D´Ornelas Ponsi, de resgatar um exemplar dos bondes, evitando que o veículo virasse sucata. O esforço para manter o bonde em bom estado não é tarefa simples, mas a recompensa é enorme, e a comunidade da Zona Sul tem apoiado e participado dos projetos de resgate da memória e valorização da cultura e da arte propostos pela nossa associação.

A história da cidade precisa ser valorizada, e o grupo responsável por esse trabalho dentro da Carris merece destaque pelo nobre trabalho de preservação de documentos, fotos e peças antigas. É justo nesse ponto que nossos interesses convergem e, portanto, auxiliar na coleta de materiais históricos tem sido uma de nossas propostas.

Vivemos um período no qual valores antes aceitos estão sendo revisados: o meio ambiente saudável e o patrimônio histórico são temas debatidos nos mais altos setores da sociedade, sobrepondo-se ao discurso do progresso desordenado. A população luta por uma cidade harmônica e saudável, que privilegia os espaços abertos e o transporte público de qualidade e acessível a todos.

É tempo de mudar paradigmas, de repensar o planejamento urbano e ambiental de forma sustentável, de formar parcerias e de participar coletivamente da construção da cidade. O futuro de Porto Alegre depende de iniciativas conjuntas e da participação popular e efetivamente democrática.

Nós, artistas do Atelier do Bonde, buscamos ser sujeitos ativos desse processo e apoiamos a imediata instalação do bonde histórico no centro da cidade.

Angela D´Ornelas Ponsi

Uma observação: a matéria da Zero Hora contém um pequeno equívoco, o bonde foi comprado por Zilka Ponsi, aposentada, e não por Glaucia Scherer, Artista Plástica colaboradora do Atelier do Bonde.