quarta-feira, 29 de maio de 2013

Porto Alegre de 1940

Já fazem algumas semanas que postamos em nosso blog um texto comentando os efeitos das grandes reformas urbanas para os habitantes da cidade. Como afirmamos anteriormente, vivemos um destes momentos como consequência das obras que estão sendo realizadas para a Copa do Mundo. Grandes transformações urbanas, além dos problemas no trânsito, geram a expectativa pelo novo que está sendo construído, ao mesmo tempo que geram uma certa apreensão por aquelas imagens da cidade que estão sendo modificadas. Um exemplo bastante marcante de momento semelhante a este que estamos vivendo agora, ocorreu no início da década de 1940 durante administração do Prefeito Loureiro da Silva. Neste período várias reformas urbanas foram realizadas. Uma das mais marcantes foi a construção e inauguração da Avenida Farrapos.Uma figura quase folclórica de Porto Alegre, que relaciona-se a essa temática de reformas urbanas, foi o "demolidor" senhor  João Macaco. A "Revista do Globo" de agosto de 1945 realizou uma reportagem sobre a ação desse senhor na abertura de novas avenidas em Porto Alegre. O título da reportagem é bastante significativo: "João Macaco, o demolidor".
"(...) é um absurdo - protestam os indignados cidadãos porto-alegrenses diante da febre de demolições que acometeu a capital nesses últimos tempos. 'Onde vai morar toda essa gente que fica sem teto de uma hora para outra? Na rua? Isso é caso de polícia...' João é o demolidor número um de Porto Alegre e o terror de nossas arcaicas e vetustas edificações coloniais (...). João Macaco também rasgou a cidade de ponta a ponta para dar lugar ao traçado da Avenida de cinco quilômetros que recebeu o nome de Farrapos. Segundo ele, porém, a profissão de demolidor 'é a coisa mais ingrata que Deus botou no mundo'. Porque, com a atual carestia de casas não é assim no mais que alguém abandona uma habitação garantida para ficar meses e meses sujeito aos caprichos de corretores ambiciosos e de anúncios classificados. João Macaco diz que tem 'comido fogo' com inquilinos, proprietários, fiadores - com todo o mundo enfim (...). Já restam poucos vestígios do século passado em Porto Alegre. Os picões, tratores e João Macaco são responsáveis pela 'limpeza'... Na verdade, Macaco é uma ameaça para a cidade. Ele já demoliu centenas de casas e espera acabar com outras tantas. É o dever (...)". 
Infelizmente não temos em nosso acervo imagens do Senhor Macaco, para tentar compensar esta falha, postamos abaixo uma imagem de Porto Alegre na década de 1940. 

                                 

* Foto Avenida Farrapos no período em que estava sendo aberta. 

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Uma colega que merece destaque

Trabalhando conosco na Unidade de Documentação e Memória, temos uma colega muito especial. É a Dona Claudete, funcionária da Cia. Carris desde 1994. Esta colega tem uma história muito bonita e inspiradora. Antes de trabalhar no Setor de Memória, ela foi funcionária do setor de Serviços Gerais. Quando entrou na empresa, a Dona Claudete tinha apenas o ensino fundamental. Já como funcionária da Carris, nossa colega foi aluna do supletivo que existia dentro das dependências da empresa. Em 2001, Dona Claudete passou no vestibular de História das Faculdades Porto Alegrenses (FAPA), curso que ela concluiu em 2005. Em seguida, por se entusiasmar com o curso de História, ela  resolveu fazer uma pós-graduação em "História Contemporânea" na mesma faculdade. Atualmente a Dona Claudete trabalha em nosso setor de Memória e tem sido muito útil a sua contribuição. A nossa colega tem pensamentos muito interessantes sobre o trabalho do historiador e sobre as práticas de um bom educador. Durante o tempo em que esteve na faculdade, a Dona Claudete conheceu os livros de Paulo Freire, a quem passou admirar. Em uma reportagem sobre a sua trajetória, publicada em 2004 no jornal interno da empresa, a Dona Claudete fez a seguinte citação do pensador: 
                    'Mesmo sabendo que as condições materiais, econômicas, sociais e políticas, culturais e         ideológicas em que nos achamos geram quase sempre barreiras de difícil superação para o cumprimento de nossa tarefa histórica de mudar o mundo, sei também que os obstáculos não se eternizam'.
 Acreditamos que este belo pensamento de Paulo Freire resume bem a determinação de nossa colega em fazer a diferença. Agradecemos a Dona Claudete pela sua colaboração no setor e ficamos felizes por compartilhar com uma pessoa tão determinada o nosso dia-dia de trabalho.



* Dona Claudete monitorando nossa exposição "Temporânea" no Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa, em dezembro de 2012. 

segunda-feira, 20 de maio de 2013

O que é Busologia?

O que é busologia?

Já noticiamos aqui em nosso blog, que temos em nossa equipe um colaborador voluntário, trata-se do Ismael, um colega muito querido por todos nós. O Ismael nos procurou oferecendo seus conhecimentos porque ele é busólogo, ou seja, uma pessoa que adora ônibus e que tem um grande conhecimento sobre este assunto. O nosso colega voluntário sabe muito da história da Carris e dos seus ônibus e bondes, nos auxiliando com informações sobre antigos modelos destes veículos que já circularam por Porto Alegre. 


* Nosso colega busólogo, Ismael.


Consultando o material presente em nosso acervo, encontramos uma revista que trás uma matéria explicando o que é a busologia e o que é ser busólogo. Iremos transcrever parte desta matéria para que nossos leitores tenham mais informações sobre o assunto:

"Como surgiu esta paixão: busólogos e busologia!

'Durante muitos anos achei que fosse o único a gostar de ônibus, até que com o advento da internet, descobri que não era o único. Acredito que a maioria tenha sido assim. Então como explicar que uma criança que nem havia saído das fraldas, já possuía um fascínio pro esse mundo dos ônibus? Com um pouco mais de idade, pegava brinquedos e fazia a mesma associação, como eu morava numa casa com quintal grande, tive liberdade para criar vários itinerários diferentes (era uma empresa fictícia), fazia planilha na mão, relação de frota com nº sequencial e diferentes carrocerias de acordo com o que eu via rodando nas ruas' - Salomão Jacob Golandski, de Porto Alegre, RS. O que é um busólogo? O termo não consta em nenhum dicionário. a palavra surgiu no Brasil por intermédio do projetista Hélio Luiz de Oliveira, designer e ex-funcionário da extinta fábrica paulistana de carrocerias Thamco. Como admirava seu trabalho com os ônibus, coletava todo material possível que estivesse relacionado a ele acabou por fundar em abril de 1979 o CDO Clube de Desing de Ônibus. O CDO foi a primeira entidade civil formada por colecionadores e admiradores de carrocerias no país. mas foi em 1986 que os colegas de Hélio na Thamco começaram a chamá-lo de busólogo (...). Do apelido surgiu o nome para a sua paixão: busologia. Não é uma ciência, e sim uma espécie de hobby ou passatempo um tanto complexo, ainda mais levando em consideração que muitos cultivam esta preferência desde criança e dificilmente sabem explicar o motivo. Nesta singela teoria, os adeptos frequentam terminais, garagens e desenvolvem o maior interesse sobre o assunto. Ninguém toma a busologia como profissão, os busólogos basicamente se interessam em obter informações e colecionar todo e qualquer material relacionado ao universo do ônibos como fotos, brindes, cartazes, revistas, livros e informações em geral- registrando assim, a evolução do transporte coletivo. Mesmo se tratando de um hobby, quem exercita o faz com muita seriedade. Tanto é que muitas empresas reconhecem e apoiam os busólogos, inclusive aceitando sugestões e pedidos. Foi assim que tudo começou...".*Revista "Primeiro ônibus", ano 4, novembro de 2009. Página 6.

Torna-se interessante ressaltar, que apesar da busologia ser um hobby, seus praticantes têm uma postura bastante séria em relação ao conhecimento que possuem. O nosso colega Ismael é um exemplo de um busólogo que busca sempre aprofundar seus conhecimentos sobre ônibus e que tem nos ajudado bastante com suas informação. 
*Primeiro ônibus da Cia. Carris. 



*Ônibus da Cia. Carris no Centro de Porto Alegre, na década de 1990.  

quarta-feira, 15 de maio de 2013

História do Monobloco no Brasil


História do Monobloco no Brasil

No último dia do trabalhador abrimos nosso museu itinerante "Memória Carris" para a visita dos funcionários da Carris e seus familiares. O nosso museu localiza-se em um ônibus de modelo monobloco de 1984, que foi adaptado para receber parte de nosso acervo. Temos uma relação de carinho com este veículo que, esperamos, logo estará novamente circulando por Porto Alegre.
Encontramos em nosso acervo um modelo da publicação "Revista Primeiro Ônibus", de novembro de 2009. Na contra capa desta revista encontramos uma interessante matéria sobre a história do modelo monobloco no Brasil. Iremos transcrever a seguir trechos da matéria referida:

"40 anos de monobloco
A Mercedes-Benz chegou aqui em 1953 e inaugurou a fábrica em 1956. A dinastia começou em 1958 até a chegada dos primeiros monoblocos, cujo mercado nacional era caracterizado pelos ônibus de carroceria montada sobre chassi de caminhão. Dez anos após, era  apresentado o modelo '0-326' - monobloco rodoviário (ainda frontal 'bicuda'). Em dezembro de 1968 são apresentados os novos veículos O-326, com nova frente, totalmente reestilizada.   (...) O 'monobloco' tornou-se o ônibus mais vendido no início da década de 1970. (...) A família de monoblocos Mercedes-Benz, evoluiu para os modelos  O-352 (1969), O-362 (1971), O-355/6 (último de 1978). Assim, lá se vai quatro décadas do aparecimento do "ônibus integral" no Brasil, veículo de maior sucesso em toda história deste país (...)".  



*Foto de nosso ônibus "Memória" da década de 1980. 

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Um transporte organizado



Um transporte organizado

Encontramos no jornal Zero Hora de oito de agosto de 2003, uma matéria na sessão "Almanaque Gaúcho" que fala sobre a importância dos almanaques que circulavam em Porto Alegre no fim do século XIX. Como a matéria citada faz referência aos bondes à tração animal, que circulavam na época na cidade, resolvemos transcrever alguns de seus trechos:

"(...) Os almanaques que circulavam no fim do século XIX eram importantes para os cidadãos que, por eles, se orientavam quanto ao preço e à maneira de utilizar os diversos serviços. No almanaque de 1886, editado por Graciano Azambuja, por exemplo, constavam as orientações sobre os horários de trens entre Porto Alegre e Novo Hamburgo, entre Rio Grande e Bagé, entre a Capital e Santa Maria (da ferrovia em construção para Uruguaiana) (...). Mais interessante é saber o rigor com que eram fixados os horários dos bondes que circulavam na cidade. Mesmo puxados a burro, tais serviços tinham horários e trajetos precisos. A Linha do Menino Deus, por exemplo, tinha 6157 metros, e os carros partiam de meia em meia hora da Praça da Alfandega, entre as 6 hrs às 22 hrs. 'Os bondes das horas passam pelo Campo do Bom Fim, os das meias horas pela Rua da Margem', informa o almanaque. Mais precisas ainda são as informações sobre a Linha Caminho Novo (Voluntários da Pátria): os carros partiam da Praça da Alfândega de 40 em 40 minutos, com exceção dos da hora do pique, que eram de meia em meia hora. Todos mantinham alguma mudança no outono e no inverno (...)". 

O chamado "Campo do Bom Fim" no final do século XIX corresponde atualmente ao Parque da Redenção. A "Rua da Margem" citada na matéria, corresponde a nossa atual Rua João Alfredo, que margeava o Arroio Dilúvio até este ter seu curso reorientado na década de 1930. Ao ler este texto, é interessante constatar que o transporte público de Porto Alegre do final do século XIX, apesar de precário, já tinha uma certa organização em seu funcionamento. 




quarta-feira, 8 de maio de 2013

Uma história da Rua da Praia

Porto Alegre vive atualmente um período de grandes transformações nos seus espaços. Mudanças no espaço físico da cidade costumam ocorrer de tempos em tempos. Além do estresse que comumente elas causam, as grandes obras urbanas geram em nós um misto de curiosidade pelo o que está sendo construído e, ao mesmo tempo, saudosismo por aquilo que estamos começando a perder, já que a feição de ruas ou outros lugares antes tão conhecidas estão sendo transformadas pelas novas reformas. Algo parecido ocorreu com a criação do Calçadão da Rua da Praia no ano de 1974. Como bons porto-alegrenses, sabemos que a chamada Rua da Praia tem na verdade o nome de Rua dos Andradas, e que é a rua mais tradicional da cidade. Na década de 1970 se optou pela transformação de parte do seu espaço em um grande Calçadão para facilitar o trânsito de pedestres no Centro. Enquanto a população aguardava pelo resultado das obras, várias crônicas e comentários foram publicados em jornais porto-alegrenses tratando da temática "Rua da Praia". Um destes textos foi encontrado por nós em nosso acervo e nos chamou a atenção pelos seus comentários. Trata-se de uma crônica publicada no Jornal Correio do Povo no dia 20 de março de 1974. Abaixo iremos transcrever alguns trechos: 

Calçada e calçadão

"(...) Entretanto, o meio-fio da Rua da Praia não pode desaparecer sem um necrolégio. No tempo do 'footing', quando as garotas (hoje quarentonas e cinquentonas) desfilavam pela calçada, fingindo olhar as vitrinas das Casa das Sedas, da Vila de Bruxelas, da Casa Tschiedel, da Ilha da Madeira, os galãs se instalavam na sarjeta e apoiavam o pé no cordão, em postura altamente admirativa. Era uma época de jaquetões com sólidas ombreiras, calças de boca estreita e cabelos alisados a Glostera ou Gumex. E as piadinhas galantes subiam da sarjeta ao passeio como tímidos pedidos de afeto. Muitos amores nasceram daquele duelo de olhares entre a passarela do 'footing' e os paralelépipedos, na saída da matinê de sábado ou da 'primeira sessão'. Amores que se cozinhavam lentamente, pois as gurias não desciam da calçada e os rapazes demoravam a 'encostar'. O meio-fio era uma muralha que só se transpunha com muita certeza do sucesso. Agora, tudo se nivela e confraterniza num calçadão que prometem adornado e florido. Sem barreiras. Mas é obra que vêm com trinta anos de atraso, depois que jogamos fora nossos jaquetões de ombreira e os próprios cabelos 'glostorados' (...)". 
Para os mais saudosistas do "footing" na Rua da Praia, vão abaixo algumas fotos para relembrar as bonitas porto-alegrenses da época que passeavam pela nossa rua mais tradicional: 



segunda-feira, 6 de maio de 2013

Participações da UDM na festa do Dia do Trabalhador

Participações da UDM na festa do Dia do Trabalhador

Na última quarta-feira foi comemorado aqui na Carris o Dia do Trabalhador. Semana passada comentamos sobre a organização da festa. Passada a data,  podemos comentar que a festa estava muito divertida e que  todas as participações foram realizadas de uma maneira muito legal. Nosso setor participou com o ônibus "Memória Carris", que foi aberto para a visita dos funcionários da empresa e seus familiares. Também expomos banners da nossa exposição "Trajetórias", que conta um pouco da história de colegas nossos com mais de vinte anos de casa . Apresentamos uma árvore de metal produzida aqui dentro da empresa, onde anexamos frases sobre o trabalho que poderiam ser "colhidas". Além disso, participamos com a oficina de ônibus de papel realizada pelo nosso colega Ismael. 
Todos os nossos eventos tiveram uma grande participação do público, o que nos deixou orgulhosos e felizes.  A receptividade demonstrada com o ônibus "Memória Carris" foi muito legal, muitas pessoas foram visitá-lo e percebemos que, principalmente entre as crianças, ele teve uma excelente aceitação. Também podemos destacar a oficina realizada pelo o Ismael. Muitas crianças participaram com a pintura e montagem dos ônibus de papel. Abaixo postamos algumas fotografias retiradas na última quarta-feira.


*Nosso amiguinho Davi fazendo posse de motorista.


* Dona Claudete fazendo a monitoria da exposição "Trajetórias".

*Nosso colega Ismael e seus aprendizes na oficina de ônibus de papel.