terça-feira, 27 de maio de 2014

As botinas de Lupi...

Continuamos trabalhando muito com a história de Lupicínio Rodrigues! Ao longo de várias leituras sobre o compositor, vamos nos deparando com histórias muito divertidas, vividas por Lupi e seus companheiros de boêmia. Um destes "causos" iremos transcrever agora, trata-se de uma história muito engraçada que envolve um par de botinas.....

"(...) Lupicínio e Nuno Roland eram soldados do 7º Batalhão de Caçadores, cujo quartel ficava na antiga Praça do Portão. E sempre ávidos por um dinheirinho para gastar na boemia, inventavam mil transas e jogada. O soldo era apenas de cinco mil-réis mensais, quantia insuficiente para as andanças da dupla. Vai então que um dia receberam uniforme novo, botinas e perneiras também novas. E como era sábado, dia de ver as meninas do Beco do Oitavo e dançar no Cabaré do Galo no Bairro Azenha, inventaram singular maneira de fazer dinheiro. Nuno calçou o pé direito das botinas, enfiando o esquerdo numa alparcata muito em uso na época.  E Lupicínio fez quase o mesmo; pé esquerdo na botina nova e alparcata no direito. E lá se foram os dois, com o par de botinas que sobrou (eles calçavam o mesmo número) rumo ao bar de um ex-brigadiano, na Ilhota, que comprava tudo e também emprestava dinheiro sob penhores. Tomaram umas e outras e venderam o flamante par de botinas, embolsando airosamente a grana. E quando alguém perguntava, Lupicínio dizia: 'eu machuquei o pé no futebol, mas ele é uma unha encravada mesmo'.*

*texto retirado do livro "Roteiro de um Boêmio", de Demosthenes Gonzales. 

 
Imagem do antigo Sétimo Batalhão dos Caçadores, que localizava-se na esquina entre a Avenida João Pessoa e a Rua Duque de Caxias. 

terça-feira, 20 de maio de 2014

O Bonde que virou sala de aula...

Nós, da Unidade de Documentação e Memória Carris, temos como um dos nossos projetos futuros a produção de um livro contando as histórias dos bondes que deixaram a Cia. Carris após as suas "aposentadorias" no transporte público de Porto Alegre.  Sabemos que na década de 1970 os bondes foram doados para várias instituições diferentes como escolas, clubes de futebol, o Pampa Safari, entre outras.
Encontramos uma destas histórias no livro "Memória dos Bairros: Passo das Pedras", organizado pela Secretaria Municipal da Cultura de Porto Alegre no ano de 2002. Neste livro é contada a história da ocupação do bairro Passo das Pedras e, em um certo momento, conta-se a história do Grupo Escolar América. Sobre o período da década de 1970 é dito o seguinte "(...) Em 1970, o bairro teve uma conquista incomum. No final do ano, o Grupo Escolar América conseguiu na Carris dois bondes velhos para instalar salas de aula para o Jardim de Infância. Em um local onde a maioria das mães trabalhavam e tinham a preocupação de onde deixar seus filhos pequenos, a instrução pré-primária significava uma conquista importante. Desses dois bondes, hoje [2002] apenas um permanece na escola e abriga uma cantina que alimenta os alunos, e aos que lá chegam, com doces e salgados maravilhosos. O outro foi vendido ao Pampa Safari (...)". 
Uma das professoras da escola, a professora Maria Terezinha Tie Namba, comenta da seguinte forma a doação dos dois bondes a escola: "(...) Nós tínhamos na realidade dois bondes, que a Carris na época doou para as escolas estaduais, para que os bondes não morressem na memória das pessoas, se eles ficassem num museu, eles seriam pouco vistos porque as pessoas não têm hábito muito de ir a museu, então eu acho que naquela época a Carris ela doou os bondes para as escolas públicas estaduais para que eles fossem lembrados (...)". 
Sabemos que existem muitas histórias como está,  buscar estas histórias para que possamos contá-las para os nossos amigos é o objetivo deste trabalho que pretendemos realizar. Postamos a seguir uma fotografia em que alunos aparecem na frente de um bonde que também foi utilizado como sala de aula.








quarta-feira, 14 de maio de 2014

Histórias de Lupicínio...

Como nossos amigos sabem, estamos organizando atividades culturais para comemorar o centenário de nascimento de Lupicínio Rodrigues que ocorrerá em setembro deste ano.  Realizando as pesquisas que irão dar suporte a estas atividades, encontramos histórias divertidas que falam um pouco sobre esta personalidade tão interessante que foi Lupicínio. Iremos transcrever neste blog uma destas histórias, trata-se de uma experiência vivenciada por Lupi e o seu amigo Soilo, outro boêmio da Porto Alegre de outros tempos: 

"(...) Verão pleno, sábado. Na rua João Alfredo (antiga Rua da Margem) se inaugurava o Tareco, espécie de gafieira. Lupicínio já trabalhava na Faculdade de Direito, mas era meio do mês, dinheiro não havia. Lupi e seu amigo Soilo, bom violonista e cantor recém chgado da fronteira, estavam barbudos e precisavam se enfeitar para ver as meninas do Tareco. E não vacilaram. Entraram no primeiro salão de barbeiro que encontraram. O Lupi perguntou: 'quanto é barba?'. O Fígaro respondeu: 'dois mil-réis'. O Lupi perguntou de novo: 'duas passadas?'. E como o barbeiro confirmasse, Lupicínio fez a proposta: 'então dá uma passada no rosto dele e outra no meu' (...)".

 Retiramos esta história do livro "Roteiro de um boêmio", escrito por Desmosthenes Gonzales em 1986. Neste trabalho, o autor (que foi amigo de Lupicínio) conta a vida do compositor e apresenta algumas de suas histórias na noite de Porto Alegre. Postaremos a seguir imagens da antiga Rua da Margem e de Lupicínio. 

Antiga Rua da Margem, década de 1930.





segunda-feira, 5 de maio de 2014

Festa do dia do trabalhador!

A última quinta-feira foi um dia de comemoração na Cia. Carris Porto-Alegrense. Várias famílias de nossos colegas compareceram em mais uma festa do dia do trabalhador. Como não podia deixar de ser, nós da Unidade de Documentação e Memória (UDM) também estávamos presentes nesta data. Realizamos uma exposição que funcionou como uma linha do tempo do transporte público de Porto Alegre, sendo que esta história foi contada através de miniaturas de bondes e de ônibus que no passado fizeram linhas da Carris. Como sempre que realizamos este tipo de ação, nossa proposta foi muito bem recebida por nossos colegas, principalmente pelas crianças que ficaram muito curiosas com as miniaturas e tiraram muitas fotografias. Além da exposição de miniaturas também levamos para a festa nosso "bonde-cenário", um bondezinho de madeira usado como cenário para fotografias. Postamos a seguir uma das fotos feitas utilizando o nosso bondezinho: 
Também distribuímos alguns dos nossos materiais, como por exemplo:  ímã com o logon da Unidade de Documentação e Memória, revistinha infantil contando a história da Carris, marcadores de página e cartões postais de Porto Alegre. Postaremos a seguir algumas imagens de nossa participação neste dia de festa.

Miniatura de Maxambomba, primeiro transporte público de Porto Alegre.



Miniatura do bonde Gaiola.





Miniatura do bonde Brill.





Parte da equipe do "Memória Carris" que trabalhou no dia do trabalhador.