quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Museu Itinerante Memória Carris na 13ª Edição da Expoclassic

  Neste último fim de semana participamos da 13ª Edição da Expoclassic, que ocorreu na FENAC em Novo Hamburgo. A Expoclassic é uma feira conhecida nacionalmente por ser um dos maiores eventos de carros antigos em área coberta no Brasil e no Mercosul. O lema deste ano foi: "uma viagem ao passado". Dentro da feira ocorreu a 5ª Classic Bus, uma exposição de ônibus antigos. Nosso Museu Itinerante (um ônibus Mercedes Benz, modelo monobloco de 1984), foi convidado para participar desta exposição.
   Já escrevemos aqui sobre a história do nosso ônibus/ museu. Temos a informação que vieram para Porto Alegre apenas dez modelos de monobloco com "capela" (letreiro alto, na parte de cima do ônibus), estes veículos foram numerados de 151 a 160. Um destes veículos, após deixar de "fazer linha" em Porto Alegre, passou por reformas e  recebeu parte do acervo histórico da Cia. Carris Porto Alegrense, desde então circula por parques, feiras e escolas contando a história da mais antiga empresa de transporte público em funcionamento no Brasil.
   Modéstia a parte, nosso Museu Itinerante fez muito sucesso na Expoclassic, recebemos 489 vistantes e, como sempre, escutamos muitas histórias interessantes e demonstrações de carinho e respeito pela história da Cia. Carris. Anexamos a baixo algumas imagens do Memória durante o fim de semana.



Casal visitando nosso Museu Itinerante.

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

A agonia dos bondes

   Os bondes elétricos povoam as lembranças dos porto-alegrenses. Muitas vezes somos perguntados sobre os motivos que levaram ao fim dos bondes em nossa cidade. No livro "Memória Carris: crônica de uma história partilhada com Porto Alegre", de 1999, encontramos algumas informações que ajudam entender esta decisão. 
   Com este livro ficamos sabendo, por exemplo, que em 1956 a Carris passava por grandes problemas financeiros. Com a quebra do monopólio do serviço de ônibus em 1940 (quando ocorreu a entrada de novas empresas que se dedicavam à exploração do transporte coletivo), a falta de interesse de americanos e ingleses na fabricação de veículos com tração elétrica, a injeção de capital estrangeiro para a montagem de fábricas de automóveis, caminhões e ônibus e o congelamento das passagens (entre 1947 e 1956), fazem a Carris mergulhar em profunda crise. Neste momento, os bondes passam a ser enxergados como veículos lentos, velhos e barulhentos. Além disso, os trilhos usados pelos bondes impediam que as ruas fossem pavimentadas com cimento ou asfalto, e os paralelepípedos causavam danos às suspensões e molas dos automóveis, já bastante populares nesta época. 
  Sabemos que a concorrência com as empresas de ônibus particulares e os constantes problemas no fornecimento de energia elétrica (o que causava interrupção nas viagens de bondes) fez com que paulatinamente a população fosse optando pelo transporte rodoviário. Em setembro de 1966, a Carris amplia seu serviço de ônibus e decide abandonar definitivamente o serviço de bondes. Foram comprados trinta veículos modernos com motor a óleo diesel e, nesse mesmo ano, os Gaiolas da linha Duque são substituídos. 
   Ainda em 1969, mais noventa carros a diesel são adquiridos pela Carris, e os elétricos das linhas Assis Brasil, Petrópolis, Gasômetro - Escola e os trolleibus do Menino Deus são substituídos pelos novos ônibus. Era o golpe final no serviço de tração elétrica... Em oito de março de 1970 o bonde circula pela última vez em vez em Porto Alegre. A população celebra o dia com um misto de tristeza pelo fim de um ciclo e euforia pelo  início de um novo tempo.